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Política

Brasil precisa que Dilma brilhe em visita aos EUA

26 jun 2015 - 17h41
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A presidente Dilma Rousseff tem um objetivo fundamental em sua visita a Nova York na semana que vem. As políticas estatizantes de seu primeiro mandato, aliadas à queda do preço das commodities, afetaram a maior economia da América Latina e, embora ela tenha adotado postura mais simpática ao mercado, os investidores têm de ser convencidos de que a mudança é real.

Presidente Dilma Rousseff discursa em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. 24/06/2015
Presidente Dilma Rousseff discursa em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. 24/06/2015
Foto: Bruno Domingos / Reuters

O apoio internacional é crucial. O Brasil irá necessitar de 64 bilhões de dólares em investimentos nos próximos anos para atualizar sua infraestrutura, e também precisa explorar as jazidas do pré-sal que a Petrobras , enfraquecida por um escândalo de corrupção e pela má gestão, não consegue administrar sozinha.

A economia de 2,2 trilhões de dólares do país deve encolher mais de 1 por cento este ano. A inflação continua nos patamares mais elevados em 11 anos, embora o Banco Central tenha aumentado a taxa básica de juros em 2,75 pontos percentuais desde outubro, para 13,75 por cento ao ano. Os economistas preveem mais um aumento no mês que vem.

O desemprego em maio alcançou o nível mais elevado desde 2010, e o índice de aprovação de Dilma caiu para meros 10 por cento este mês, de acordo com o Datafolha. Os investidores temem que o descontentamento da população e a revolta dentro do PT possam tentar Dilma a demitir o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o arquiteto da austeridade fiscal.

Levy quer usar os cortes de gastos e os aumentos de impostos para obter um superávit primário de pouco mais de 1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Até maio, só percorreu um décimo deste caminho. As agências de classificação de risco alertaram que o Brasil pode perder seu grau de investimento, o que elevaria os custos de empréstimos e estrangularia os investimentos.

Dilma, que se reunirá com o presidente dos EUA, Barack Obama, e com executivos do Vale do Silício, não irá conseguir nada parecido com os 53 bilhões de dólares em acordos de comércio, finanças e investimentos que China e Brasil anunciaram no mês passado durante uma visita do primeiro-ministro chinês,

Li Keqiang. Na melhor das hipóteses, uma iniciativa conjunta sobre a mudança climática e laços mais estreitos nas áreas de defesa e aeroespacial devem ser firmados.

    Nesta viagem, o mais importante é que Dilma garanta estar comprometida em trabalhar com os mercados globais se quiser fortalecer as chances de investimentos norte-americanos. Descartar uma série de restrições que prejudicaram a indústria de energia seria um exemplo, e demonstrar um apoio robusto a Levy e ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, seria outro.

Não falta resistência à ex-militante de esquerda que suportou a prisão e as torturas durante a ditadura militar. Sua viagem aos EUA seria a ocasião ideal para que sua nova faceta extraia forças da antiga.

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