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Política

Bolsonaro deve trocar pauta conservadora por 'pitadas de liberalismo', diz XP

19 out 2018 - 13h30
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O analista político da XP Investimentos, Richard Back, acredita que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) deverá trocar a pauta conservadora, de forte cunho moral, por "pitadas de liberalismo na economia". Como certo, em caso de ele ser eleito, terá de abandonar a estratégia do "Posto Ipiranga".

"(Bolsonaro) Não pode ser o cara que não sabe de nada. Vai ter de tomar decisão. Só sensibilidade não resolve", afirmou Back, após falar para uma plateia de grandes clientes pessoa física da instituição, quando deixou claro que o cenário é de "bastante perguntas e poucas respostas".

Logo na largada, acredita, Bolsonaro precisará encarar a eleição para presidência da Câmara. O Centrão já tem um candidato, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que poderá se reeleger como aliado ao governo ou com a ajuda dos votos de oposição.

Os fantasmas dos parlamentares que não se reelegeram porque ficaram associados à agenda liberal do governo Michel Temer, como a reforma trabalhista, também deverão assombrar o novo governo. "Bolsonaro precisará ter jogo de cintura para montar ministério e conseguir tocar essa agenda setorial no Congresso", avaliou.

Na avaliação de Back, o desafio do presidente eleito será mediar os interesses do grupo político eleito graças ao voto "de rede social" - que chega com pouca vivência e sujeito a forte pressão social - com os da ala liberal da campanha e de políticos orgânicos do Centro e da oposição. O cenário, aposta, é de fricção, principalmente no Congresso Nacional.

"Ele pode reconfigurar as relações de Brasília ou dar errado", disse, sinalizando o risco de um otimismo exagerado. "Estive com cliente institucional que acha que vai dar tudo certo. Disse para ele que não vai nevar no Rio de Janeiro, a gente não vai ficar loiro de olhos azuis nem falar sueco. É ruim quando alguém está muito otimista porque temos de ficar de advogado do diabo", completou.

Conviver com uma máquina pública viciada, onde muitos parlamentares agem como se fossem "despachante de prefeito", exigirá "jogo de cintura" dos novos governantes. "Tem deputado comemorando que diminuiu a base e não teve voto de rede social porque esses deputados (eleitos com ajuda de redes sociais) não vão conseguir manter a mesma visibilidade, mas serão cobrados", afirmou.

Estadão
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