Bolsonaro chama acusação de golpe de 'ficção', clama por anistia e diz que Moraes 'tem que ceder'
Ex-presidente comparou sua situação com a de perseguidos políticos de Venezuela, Nicarágua e Bolívia e comparou o momento atual com o período da promulgação da Lei da Anistia, no fim da ditadura militar
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou nesta quinta-feira, 28, seu apelo para uma anistia e negou as acusações imputadas a ele pelo relatório da Polícia Federal (PF). O documento o coloca, junto com outras 36 pessoas, como responsável por um tramar um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se manter no poder.
Em entrevista à Revista Oeste, Bolsonaro afirmou que apenas um perdão aos excessos que resultou na intentona golpista de 8 de janeiro pode pacificar o País, comparando o momento com a promulgação da Lei de Anistia, durante a ditadura militar, em 1979.
"Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes. A anistia, em 1979: eu não era deputado, foi anistiada gente que matou, que soltou bomba, que sequestrou, que roubou, que sequestrou avião, e 'vamos pacificar, zera o jogo daqui para frente'. Agora, se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica", afirmou o ex-presidente, que seguiu: "Eu apelo aos ministros do Supremo Tribunal Federal, eu apelo. Por favor, repensem, vamos partir para uma anistia, vai ser pacificado", concluiu.
O ex-chefe do Executivo mencionou ainda sua satisfação com a declaração do também ex-presidente Michel Temer (MDB), que minimizou, na última segunda-feira, 25, as revelações da PF sobre a suposta trama golpista, e reafirmou sua tese de que "ninguém vai dar golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais".
Ele classificou o relatório da PF como uma "peça de ficção" e comentou as discussões ocorridas no final de seu governo. Segundo o ex-presidente, reuniões com os comandantes das Forças Armadas aconteceram após o ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), multar o PL em R$ 22 milhões por questionar parte das urnas eletrônicas no segundo turno.
"Você vê até os depoimentos dos comandantes de Força. Eles falam que o Bolsonaro discutiu conosco hipóteses de (artigo) 142, de estado de sítio, de estado de defesa. Eu discuti, sim, conversei, não foi uma discussão acalorada", reconheceu.
Bolsonaro afirmou que após a aplicação da multa discutiu com aliados as alternativas possíveis dentro das "quatro linhas da Constituição". Segundo o ex-presidente, diante do risco de uma multa maior ou até da cassação do registro do partido, decidiram abandonar a ideia, reconhecendo que não havia chances de sucesso em questionar o sistema eleitoral.
Bolsonaro ainda comparou sua situação com a de perseguidos políticos na Venezuela, Nicarágua e Bolívia. Na sua visão, querem arrumar uma maneira de o "tirar de combate"
"Alguns acham até que não é nem tornar inelegível por mais tempo ou uma condenação. Querem é executar. Vou acabar sendo um problema para eles trancafiado", disparou.