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Política

Baleia diz que MDB será 'colaborativo' com governo Lula, mas ainda não há decisão sobre ser base

Presidente do MDB afirmou que líderes do partido ainda serão ouvidos sobre o assunto

8 nov 2022 - 12h28
(atualizado em 9/11/2022 às 01h06)
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BRASÍLIA - O presidente do MDB, Baleia Rossi, disse nesta terça-feira, 8, que o partido adotará uma postura de colaborar com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso. O MDB foi convidado a indicar um integrante para o Conselho Político da equipe de transição do governo Lula.

"Claro que é uma decisão que não vou tomar sozinho", afirmou Baleia, após reunião com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. "O MDB não tem dono, é um partido que tem muitos líderes e eu vou conversar com cada um deles. Mas posso adiantar que vejo no partido um espírito colaborativo muito grande para que a gente possa avançar com todas essas pautas para o País", completou.

A definição de quem representará o partido na equipe do presidente eleito deverá ser oficializada nesta quarta-feira, 9. Sobre a possibilidade de o MDB compor a base do novo governo, a presidente do PT repetiu o discurso de Baleia de que se trata de um assunto a ser definido. "É uma discussão que cabe ao Congresso Nacional, é interna corporis o arranjo. Obviamente que gostaríamos, enquanto governo, de contar com o apoio do MDB no processo de governança", declarou a deputada.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se reuniu nesta terça-feira com o presidente do MDB, Baleia Rossi.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se reuniu nesta terça-feira com o presidente do MDB, Baleia Rossi.
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

Baleia vai se reunir nesta quarta-feira, 9, com um grupo da cúpula do MDB que apoiou Lula desde o primeiro turno. O senador Renan Calheiros (AL), o deputado eleito Eunício Oliveira (CE) e os líderes da Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), e do Senado, Eduardo Braga (AM), vão debater a possibilidade de fazer parte oficialmente da base de Lula. Há no partido, sobretudo no Sul, uma ala que é distante do petista, mas o grupo próximo de Lula tem mais espaço na cúpula da legenda.

O presidente do MDB disse que, durante a reunião com Gleisi, reforçou pedidos que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) já havia feito no segundo turno a Lula. Simone ficou em terceiro lugar na disputa presidencial e apoiou o petista na segunda fase da disputa.

"Reafirmei as colocações que foram sugestões da Simone Tebet ao presidente Lula no segundo turno na área da educação, da saúde, da política para as mulheres, de um governo plural. Acredito que o MDB pode ajudar muito na questão da agenda, que é uma agenda convergente", argumentou Baleia.

Ao comentar a ideia de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que abre aproximadamente R$ 200 bilhões além do limite de teto de gastos, o presidente do MDB afirmou que ainda não sabe como vai ser o caminho para tornar a medida viável, mas deixou claro que o partido não será obstáculo para aprovar a ideia. A PEC da Transição, como ficou conhecida, está sendo elaborada para permitir o cumprimento de promessas da campanha de Lula, como a continuidade do Auxílio Brasil de R$ 600, que voltará a se chamar Bolsa Família, e o aumento do salário mínimo.

Uma ala do MDB, a exemplo de Renan e Eunício, é contra que isso seja feito por uma PEC. A avaliação é de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, (PP-AL), fica fortalecido nas negociações. Como alternativa, esse grupo sugeriu a edição de uma Medida Provisória, em janeiro de 2023, para abrir um crédito extraordinário.

"Nós dependemos primeiro da decisão do presidente eleito para ver qual caminho será adotado", ressalvou Baleia. "Entendo que todos nós temos de trabalhar para que haja o cumprimento de compromissos de campanha, os R$ 600 do Bolsa Família, aumento real do salário mínimo e de outras questões que são relevantes. Há uma perspectiva muito grande por parte da população."

Espernear, mas sem golpismo

Na saída da reunião com Baleia, a presidente do PT também aproveitou para criticar os protestos de bolsonaristas contra a eleição de Lula. Grupos radicais tem atrapalhado o fluxo de trânsito em diversas cidades e pedido intervenção militar. "Tivemos uma eleição que teve um resultado, um vitorioso. O perdedor tem o direito de espernear, mas não tem direito de chamar para um golpe, não tem direito de querer fazer uma desestabilização do País", declarou a petista.

Gleisi pediu que as Forças Armadas e o Poder Judiciário deem um resposta contundente aos atos antidemocráticos. "É dar uma resposta dura a esse tipo de política. Desconhecer esse movimento e, como instituição, se posicionar. Inclusive, para isso, serem ouvidas as instituições do Executivo, principalmente as Forças Armadas, e o Judiciário. O Tribunal Superior Eleitoral foi muito correto na condução do processo eleitoral, foi muito firme e queremos que o Judiciário continue sendo firme na defesa do resultado das eleições", destacou a presidente do PT.

Questionada sobre o início da transição de governo, Gleisi afirmou que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se mostrou disponível para ajudar. "Eu espero que não tenha dificuldades, para o bem do Brasil. O Brasil precisa de um processo de transição tranquilo", disse a deputada. A promessa de colaboração poderá ser comprovada ou não, de acordo com ela, no decorrer desta semana. "Eu espero que aquilo que o ministro-chefe da Casa Civil nos disse na reunião com o vice-presidente Alckmin se cumpra, que é a disposição do governo de colaborar. É nessa semana que vamos sentir isso na prática", obervou Gleisi.

Estadão
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