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Política

Após derrota, PSDB revive disputa entre alas de Aécio e Serra

2 nov 2010 - 06h29
(atualizado às 09h35)
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Marcela Rocha
Direto de São Paulo

Em processo de rearticulação, a coligação que patrocinou José Serra (PSDB-SP) na corrida frustrada ao Planalto revive o embate entre as forças que rodeiam o político paulista e o ex-governador de Minas Gerais e senador eleito, Aécio Neves. Durante seu discurso assumindo a derrota, Serra levantou especulações entre tucanos ao afirmar que o momento não seria para "adeus", mas "até logo". Aliados do candidato derrotado afirmam que o gesto teve o intuito de afastar aqueles que o davam por morto e pretendiam enterrá-lo após o resultado.

Derrotado, José Serra parabenizou Dilma e disse que "batalha começa agora"
Derrotado, José Serra parabenizou Dilma e disse que "batalha começa agora"
Foto: Fernando Borges / Terra

Inviabilizada a presidência da República ou qualquer outro cargo eletivo por mais dois anos, restam a Serra dois outros caminhos, segundo interlocutores próximos. O primeiro seria como dirigente partidário e o segundo, como uma força política de oposição sem um cargo formal. Aliados do ex-governador de São Paulo acreditam que ele seguirá formulando políticas para o partido, caracterizando-se como um quadro voltado para o fortalecimento do projeto oposicionista.

Antes mesmo de anunciada a derrota da oposição, tucanos e democratas admitiam ser necessário repensar as suas atividades no Parlamento e a articulação dos governadores eleitos. Divulgado o resultado, tucanos paulistas alfinetavam a campanha mineira. E os mineiros, no dia seguinte, saíram em defesa do ex-governador e senador eleito, Aécio Neves, quem, para o deputado federal eleito ACM Neto (DEM-BA), será "o grande líder da oposição a partir de agora".

O presidente do PSDB e coordenador nacional da campanha ao Planalto, senador Sérgio Guerra (PE), acredita que as campanhas petista e tucana sentiram os efeitos do personalismo nas candidaturas à presidência. "Os partidos têm que ser mais fortes para que os candidatos não sejam mais fortes do que eles. Foi isso que aconteceu nessa eleição", avaliou nesta segunda-feira (1).

Apesar das intenções de fortalecimento da legenda, o personalismo, aparentemente, continua vivo e alimenta a disputa pelo comando da rearticulação dos partidos coligados. Neste final de 2010, a oposição ressuscita o embate vivido em 2009 na surdina entre Aécio Neves e José Serra. Um terceiro protagonista, este mais discreto e com base de sustentação partidária mais restrita a seu Estado, é o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Em seu discurso neste domingo (31), Serra cobriu Alckmin de elogios - como já vinha fazendo - pelo empenho na campanha presidencial. O candidato derrotado sequer mencionou Aécio, que ficou a 20 pontos percentuais de lhe proporcionar uma vitória em Minas. Isto aprofundou a rixa, que pautou a agenda política entre 2009 e 2010, entre o PSDB paulista e o mineiro. À época, Serra e Aécio disputavam a cabeça de chapa na corrida presidencial. Disputa esta que, segundo tucanos, causou "aversão" dos mineiros pelo escolhido de São Paulo.

Embora ainda se discuta a derrota de domingo, integrantes da oposição (de fora de São Paulo) já dão como inquestionável a candidatura de Aécio em 2014, mesmo que Alckmin tente concorrer. Lideranças partidárias acreditam que o mineiro deva atuar no Senado de maneira cirúrgica. Sem entrar em conflitos cotidianos, Aécio deve usar seu perfil conciliador para assegurar o diálogo com os demais setores da Casa e para se caracterizar como estadista.

Fonte: Terra Magazine
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