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Política

Após alta no Ibope, Ciro vai ao Nordeste em busca de voto tradicional petista

6 set 2018 - 13h12
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Com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato do PDT à Presidência nas eleições 2018, Ciro Gomes, inicia nesta quinta-feira, 6, uma incursão pelo Nordeste para tentar ganhar mais espaço em Estados com eleitorado tradicionalmente petista.

Em ascensão na preferência dos eleitores, segundo pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira, 5, a ideia do pedetista é "virar" o apoio de ao menos cinco governadores que hoje estão mais próximos do PT por causa de Lula. Estão na mira palanques no Ceará, Sergipe, Paraíba, Maranhão e Alagoas. Dos "alvos" principais, apenas Alagoas não deve entrar no roteiro de campanha de Ciro nesta semana.

Aliados do candidato apostam que, após a decisão do TSE de rejeitar o registro Lula, condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato, candidatos aos governos estaduais que firmaram compromissos com o ex-presidente agora vão abrir mais espaço ao candidato do PDT.

O entendimento destes aliados é de que os candidatos aos governos não estarão dispostos a abrir o mesmo espaço a Fernando Haddad, que, pelos planos do PT, deve substituir Lula até o dia 11. Segundo o Ibope, Haddad aparece com 6% das intenções de voto, enquanto Ciro tem o dobro, 12%. Na avaliação da campanha de Ciro, o compromisso de alguns aliados petistas é com a pessoa de Lula e não com seu partido.

Nesta quinta-feira, Ciro tem compromissos em Aracaju (SE), Caruaru (PE) e Natal (RN). Na capital sergipana, Ciro participa de ato político acompanhado do candidato do PSB ao governo do Estado, Valadares Filho, que tem o PDT como vice na sua chapa. Já no Rio Grande do Norte, ele terá ao seu lado o candidato do próprio partido ao governo, Carlos Eduardo Alves.

Na sexta-feira, 7, feriado da Independência, será a vez de São Luís (MA) e Massapê (CE). Por último, a expectativa é de que o candidato visite Juazeiro do Norte (PB) e Campina Grande (PB), no sábado, 8.

No total, serão seis Estados em três dias. Essas agendas ainda podem sofrer alterações. Na capital maranhense, Ciro planeja, inclusive, fazer uma caminhada ao lado do atual governador do Estado e candidato à reeleição, Flávio Dino, que tem tanto PDT quanto PT em sua aliança.

"Ele (Flávio Dino) já recebeu (o Ciro) e vai continuar recebendo, eles são amigos pessoais. Aqui o governador tem o apoio de 16 partidos políticos, dos coxinhas aos mortadelas. Então ele não fecha palanque para ninguém, o combinado é que quem pisar aqui, se quiser ter atividade com ele, o Dino vai receber. Ele não vai tendenciar", afirmou Weverton Rocha (PDT-MA), candidato ao Senado na chapa.

"Cada partido, cada agrupamento da coligação, pede votos para seus candidatos. O pessoal do Lula pede para o Lula, o pessoal do Ciro pede para o Ciro, tem até gente de Bolsonaro. O primeiro turno aqui vai ser de palanque estadual, a gente não nacionaliza a eleição", complementou.

Quando questionado se há um trato firmado entre Flávio Dino com Ciro Gomes por espaço no palanque, o presidente do PDT, Carlos Lupi, responsável por essas costuras partidárias, costuma usar um episódio recente para cutucar o PT. "(Flávio) Dino vai ser nosso. Já é né porque o PT apoiou a Roseane (Sarney, em 2014). Quem tem memória lembra-se disso", afirmou.

Lupi também dá como certa a "traição" quando fala da Paraíba, Estado no qual o candidato é João Azevedo (PSB), homem de confiança do atual governador Ricardo Coutinho. Isso porque Coutinho prometeu apoio a Lula, mas não teria a mesma reciprocidade com Haddad.

Na visita ao Estado, Ciro também planeja visitar trecho já inaugurado da transposição do Rio São Francisco, obra da qual se envolveu quando foi ministro da Integração do próprio Lula. Esse deve ser um dos principais triunfos usado pelo cearense na passagem pela região.

Já em Alagoas, o combinado de Lula é com o senador e candidato à reeleição Renan Calheiros (MDB-AL), responsável pelas alianças do seu primogênito, o governador Renan Filho, que também tenta a reeleição. A interlocutores, Calheiros têm dito que seu filho irá colocar no palanque "quem Lula indicar". Mas isso não significa que Ciro também não terá seu espaço. A avaliação na campanha dos Calheiros é que, como foi formada uma coligação ampla, não se pode restringir acesso a outros presidenciáveis.

Somente no Ceará, o PT já trata com naturalidade essa possível "invasão" do PDT. Isso porque o atual governador Camilo Santana (PT-CE) é ligado ao clã dos Gomes e foi eleito com ajuda dos irmãos Cid e Ciro. Por causa disso, os petistas não irão exigir exclusividade no palanque de seu próprio candidato, que tenta a reeleição.

Estadão
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