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Política

Alckmin pede distinção entre corrupção e caixa 2 de campanha

18 abr 2017 - 13h08
(atualizado às 13h42)
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Geraldo Alckmin, governador de São Paulo
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo
Foto: N.M/Futura Press

Citado em depoimentos de delatores da Odebrecht, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pediu nesta terça-feira que haja distinção entre corrupção e o financiamento de campanhas.

"Uma coisa é a corrupção, que tem que ser punida, e outra é o financiamento das campanhas, que precisa ser aprimorado, que seja estabelecido um critério", disse Alckmin em entrevista à Agência Efe durante um fórum com executivos de empresas espanholas realizado hoje em São Paulo.

Ex-diretores do grupo Odebrecht afirmaram em depoimentos à Justiça que Alckmin recebeu quase R$ 10 milhões em caixa 2 para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014.

"Não tenho nem aposentadoria, nem pensão do setor público. Vivo de meu salário, não tenho nenhum patrimônio, então, zero, zero, zero, nem um centavo foi ilícito", garantiu o governador.

As acusações apareceram nos depoimentos de pelo menos três dos 77 ex-diretores da Odebrecht que fizeram delações. Como Alckmin tem foto privilegiado, as denúncias que o citam foram transferidas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo os ex-diretores Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Paschoal e Arnaldo Cumplido de Souza Couto, Alckmin recebeu R$ 2 milhões na campanha de 2010 e R$ 8,3 milhões quando foi reeleito em 2014, e os valores não teriam sido declarados ao TRE.

"Prestarei contas, espero que a investigação seja feita com profundidade e rapidez, mas acredito que precisamos verificar a origem desse problema. O problema da corrupção precisa ser punido. Outra coisa é o financiamento de campanhas eleitorais", reiterou.

Alckmin destacou que o sistema político brasileiro está desgastado e que "o País só tem até setembro deste ano para fazer uma reforma política que repense o modelo do financiamento das campanhas".

"Temos um dos piores sistemas políticos do mundo. Como pode funcionar com 35 partidos?", questionou.

Os relatos dos ex-executivos da Odebrecht apresentam denúncias de caixa 2, favores em dinheiro para retribuir a vitória em licitações de obras públicas e a aprovação de leis que favoreciam os negócios da empresa.

"Há diferença entre duas coisas importantes: primeiro a corrupção, o lugar do corrupto é a prisão; a segunda, é o modelo político existente", reiterou Alckmin.

O fórum desta terça-feira, realizado em São Paulo, contou com a presença de executivos de companhias espanholas com operações no Brasil e teve apoio de Banco Santander, Everis, Arteris, Acciona Infraestruturas e Elektro.

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