'Vamos apurar corretamente, mas acho que não é possível a continuidade no governo', diz Lula sobre Silvio Almeida
As alegações de má conduta contra o ministro dos Direitos Humanos surgiram na quinta-feira (5) e foram observadas pelo movimento Me Too Brasil, que trabalha para acolher vítimas de assédio sexual
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordou publicamente as acusações de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida nesta sexta-feira (6). "Não posso permitir assédio. Vamos ter que apurar corretamente, mas não acho possível a continuidade no governo", afirmou Lula durante uma entrevista concedida à Rádio Difusora, de Goiânia.
As alegações de má conduta surgiram na quinta-feira (5) e foram observadas pelo movimento Me Too Brasil, que trabalha para acolher vítimas de assédio sexual. As acusações contra o ministro Silvio Almeida vieram a público pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles. Segundo a coluna publicada, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, está entre as vítimas.
Em resposta às acusações, Lula convocou uma reunião com figuras da administração pública, incluindo o controlador-Geral da União, Vinícius Carvalho, o advogado-Geral da União, Jorge Messias, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O objetivo do encontro é discutir o futuro de Silvio Almeida no governo.
Quais medidas estão sendo tomadas sobre Silvio Almeida?
Lula assegurou que as investigações sobre as acusações serão minuciosas e conduzidas por órgãos competentes como a Polícia Federal (PF), o Ministério Público e a Comissão de Ética Pública da presidência. "Alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Só tenho que ter o seguinte bom senso: é preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção de inocência", afirmou Lula.
Em nota oficial e um vídeo nas redes sociais, Silvio Almeida negou categoricamente todas as acusações, qualificando-as como infundadas e motivadas por interesses escusos que visam prejudicar sua trajetória política.
"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. (…) Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro", declarou o ministro.
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Posição da primeira-dama
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, mostrou solidariedade às supostas vítimas. Em uma declaração silenciosa, Janja postou uma foto nas redes sociais beijando a testa da ministra Anielle Franco. "É uma demonstração inequívoca de que as mulheres estão juntas, que as mulheres estão com as mulheres. É o normal. Nenhuma mulher fica favorável a algum denunciado por assédio", observou Lula.
Por meio de nota, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República admitiu a "gravidade das denúncias" e informou que "o caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem".