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Política

Faculdades têm casos de incitação à violência após eleições

Manifestação pró-Bolsonaro foi agendada para ocorrer em prédio tradicionalmente oposicionista da USP

29 out 2018 - 18h56
(atualizado às 19h46)
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As direções da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP se posicionaram a respeito de casos relacionados às eleições 2018 que ocorreram dentro da instituição nesta segunda-feira, 29.

A manifestação da FEA é relacionada a uma foto de alunos dentro de uma sala de aula, que circulou nas redes sociais nesta segunda, em conjunto com a manchete da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) ocorrida neste domingo, 28.

Alunos da FEA-USP publicam foto dentro de sala de aula com frase ofensiva à mulheres e em apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro
Alunos da FEA-USP publicam foto dentro de sala de aula com frase ofensiva à mulheres e em apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução/Twitter / Estadão Conteúdo

Três estudantes foram fotografados sentados em frente à uma mesa, onde foi posicionada uma placa com a frase "está com medo, petista safada?" e "a nova era está chegando", vestindo fantasias de exército e em apoio ao presidente americano Donald Trump. O terceiro estudante veste uma roupa em referência ao ditador norte-coreano Kim-Jong Un, e segura um revólver falso. Um quarto estudante está escondido por trás de uma bandeira.

A nota da FEA se posiciona em repúdio às "ações de incitação à violência que estão ocorrendo dentro do ambiente da USP, e particularmente da FEA", também afirmando que o "que pode ser pensado como 'brincadeira' pode ser o estopim para um aumento da agressividade e mesmo ameaças", além de assegurar que "ações que intimidem, ofendam e causem reações e danos serão rigorosamente coibidas e punidas".

Por telefone, a assessoria informou que a nota não especifica o episódio da imagem em si porque também tem a intenção de se posicionar a respeito de um segundo episódio ocorrido nesta segunda, onde alunos da Escola Politécnica (POLI) haviam agendado um ato pró-Bolsonaro dentro do prédio da FFLCH.

O evento no Facebook da "Marcha do Chola Mais", marcado para as 14h desta segunda, tinha quase 3 mil confirmados e 15 mil interessados. Entretanto, segundo alunos e a reitoria da USP, poucas pessoas se mobilizaram. Em contraponto, alunos da FFLCH e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) se reuniram nos pátios dos prédios das Faculdades em protesto ao ato pró-Bolsonaro, aguardando a chegada do grupo.

A Polícia Militar acompanhou o grupo de alunos da POLI, que se dispersaram antes de chegar ao prédio da FFLCH, não havendo confrontos, como estava previsto anteriormente. Em texto compartilhado por alunos no Whatsapp, pedia-se cautela para evitar confusão e informava que os portões da USP seriam fechados para pessoas sem vínculo à universidade ao meio-dia, o que segundo a reitoria, não ocorreu.

Em vídeo divulgado no site da FFLCH, a diretora afirma que contatou a reitoria da USP ainda na noite de domingo, 28, que "prontamente se mobilizou para ajudar e está absolutamente envolvida nas resoluções dessas questões". A diretora tranquiliza os estudantes, afirmando que "Não temos nada a temer e tampouco devemos aceitar provocações de pessoas externas à nossa comunidade. A nossa comunidade tem a sua identidade, e não cabe de maneira nenhuma aceitar qualquer tipo de violação aos nossos princípios".

A FFLCH é conhecida no âmbito da USP por se mobilizar em pautas da esquerda, e o ato pró-Bolsonaro marcado para acontecer dentro do prédio foi visto como uma provocação por parte de alunos da POLI, menos envolvidos em tais questões.

Veja também:

Manifestantes pró Bolsonaro entram em confronto com alunos na UnB:

 

Estadão
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