Voluntários precisam até de 'escolta' para chegar em alojamentos no Rio

Andar pelo Rio de Janeiro às vésperas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é encontrar com vários grupos de jovens cantando e celebrando a chegada à cidade para o encontro com o papa Francisco a partir da próxima segunda-feira. Peregrinos ou voluntários, eles virão de todos os lugares do mundo. Um desses grupos, que veio de Múrcia, na Espanha, precisou de uma escolta improvisada por voluntários locais para ir até o seu alojamento.

O grupo chegou ao Rio de Janeiro na última quarta-feira e só vai embora no dia 2 de agosto. Animados, cantando e tirando dúvidas com quem passava na rua, a estada no Rio pode até parecer perfeita, mas a realidade é dura. Assim que desembarcaram na cidade, souberam para onde iriam. Copacabana, pertinho da confusão? Não. Ipanema, pertinho do mar? Nada disso. Foram destinados para o bairro de Coelho Neto, na zona norte da cidade, distante quase 30 quilômetros do centro da cidade e a quase 40 de Copacabana.

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"Estamos em uma zona distante e temos que ir escoltados por voluntários locais para chegarmos à escola onde estamos com certa segurança. É uma zona um tanto complicada", conta com olhar assustado Héctor Morera.

Parados na esquina na avenida Presidente Vargas com Uruguaiana, no centro do Rio, e aproveitando para jantar em uma rede de fast food com o cartão alimentação que os voluntários têm direito, Héctor conta que o primeiro dia foi o mais difícil. Primeiro, para encontrar o lugar certo onde iriam ficar; depois, o calor na cidade, que, apesar do inverno, beirou os 35°C na segunda-feira. "Não sabíamos se teríamos água quente para tomar banho. Mas os voluntários estão dando um pouco da vida deles por nós, e tudo tem sido maravilhoso até agora", conta, deixando clara a disposição da juventude que veio ao Rio para enfrentar e superar qualquer tipo de dificuldade para ver o papa Francisco.

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Os 35 jovens que formam parte do grupo são da Universidade Católica Santo Antônio, de Múrcia. Todos serão voluntários na organização, tanto em Copacabana quanto em Guaratiba. Maria Mendoza, uma das mais animadas do grupo e já sem voz de tanto cantar, explicou o que vieram fazer. "Vamos estar nas tendas durante as missas, acompanhando e ajudando a organizar a fila da comunhão", explicou, dizendo que vão ser parte do cordão humano.

O grupo é experiente. Já participou das jornadas de 2009, em Montreal, e na de 2011, pertinho de casa, em Madri. "Viemos mostrar ao mundo que apoiamos o Santo Padre e que a Igreja também é jovem", disse Isabel, irmã de Maria.

Todos eles estão conscientes de que o Brasil passa por um momento turbulento, com protestos, mas não temem que isso atrapalhe a Jornada. "A Espanha também vive um momento de crise econômica, com protestos, que vêm de uma crise moral. E nesse momento, o que podemos dizer ao mundo é que há algo mais importante que o dinheiro", disse Isabel Mendoza.

"Muito mais que uma crise material, é preciso saber que Deus existe. E os jovens são os que mais têm que entender isso", afirmou. Apesar disso, o grupo não deixa de cantar, animar e dar sua dose de alegria à cidade. "Acima de tudo, sabemos que por trás de tudo está Deus, e isso é o que importa", afirmou. Copacabana, para eles, apenas para trabalhar. Mas como vão embora apenas quatro dias depois do fim da Jornada, ainda vão ter tempo de aproveitar um pouquinho da cidade.