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Papa Francisco no Brasil

Jovens começaram a ganhar espaço, diz advogado que vai encontrar o Papa

30 jun 2013 - 10h27
(atualizado às 10h27)
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O advogado Rafael Crepaldi, 26 anos, vai se encontrar pessoalmente com o Papa Francisco, que irá participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro
O advogado Rafael Crepaldi, 26 anos, vai se encontrar pessoalmente com o Papa Francisco, que irá participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro
Foto: Talita Zaparolli / Especial para Terra

Nem nos melhores sonhos o advogado Rafael Crepaldi, 26 anos, imaginou se encontrar pessoalmente com o Papa Francisco, que irá participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro. Ele foi escolhido para representar a Diocese de Bauru, no interior de São Paulo, durante uma vigília de oração e confraternização com o pontífice, no dia 27 de julho.

No palco, junto com o líder católico, estarão jovens de todo o Brasil representando as cerca de 300 dioceses existentes e, entre eles, Rafael. A estimativa inicial é de que cerca de 3 milhões de pessoas participem do evento. De Bauru e região devem ir à Jornada em torno de 790 peregrinos, além de 35 voluntários.

Na vigília serão narradas histórias e os voluntários “construirão” uma igreja no palco, que depois será desmontada e terá as partes carregadas para o meio da multidão. A cena dará início ao ritual de vigília que será em um espaço denominado Campus Fidei (Campo da Fé, em latim), em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, na véspera do encerramento da Jornada.

Igreja comenta sobre agenda do Papa no Brasil:

O palco em que o advogado de Bauru estará junto com o Papa terá, além da igreja cenográfica de 8 metros de altura por 10 metros de comprimento, uma cruz gigante. Também irão compor o cenário colunas com as palavras “amor”, “amizade” e “união”. O pontífice ficará no fundo do palco, onde chegará depois de cruzar o Campus Fidei de papamóvel.

Nascido em uma família tradicional católica, Rafael conta que sempre se envolveu com as ações da Igreja. Na infância, atuou como coroinha e ainda na adolescência, aos 15 anos, montou o primeiro grupo de jovens. “Na época, eu fazia crisma, mas sentia que era muito teórica. Eu queria algo diferente, por isso começamos a nos reunir em um grupo para conversar, fazer dinâmicas. Durante a crisma, não podíamos nem conversar”, conta.

Mas os encontros deixaram de acontecer quando ele entrou para a faculdade. “O grupo era formado por muitos seminaristas e eles ficam um ano em cada cidade. Esgotou esse tempo e eles saíram, aí o grupo foi acabando.” O advogado revela ter sido “rebelde” durante os anos em que cursou Direito, tendo se afastado da Igreja e deixado até mesmo de frequentar as missas.

E foi na academia, durante uma corrida na esteira, que surgiu o convite para se reaproximar. “Era meu segundo dia na academia. Eu nem conhecia o rapaz que estava do meu lado. De repente ele me convidou para participar do grupo de jovens e eu aceitei”, relembra.

De lá para cá, o jovem dedica parte do tempo às ações da Igreja Católica em Bauru. Devoto de Nossa Senhora das Graças, hoje ele coordena a Comunidade de Jovens Rogacionistas e participa de inúmeras outras atividades.

Rafael se divide entre os turnos no escritório de advocacia em que trabalha, na padaria que comprou no início do ano e nas atividades na Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Bauru. “No meio de tudo isso tem que sobrar um tempinho para a noiva”, brinca. Rafael e Andressa Sato Galazzo, 26 anos, se conheceram há nove anos, no grupo de jovens que ele criou, e estão juntos desde então.

Surpresa

A notícia de que iria representar os jovens da região de Bauru na JMJ surgiu de forma inesperada, com um telefonema. Rafael conta que não imaginava ser escolhido e que está ansioso para o encontro.

“Ia ter um retiro, um congresso internacional de leigos, na minha igreja. Estávamos nos preparativos. Eu estava limpando o banheiro, literalmente esfregando a privada, quando meu celular tocou (risos). Era o Bruno, coordenador do Setor Juventude. Ele me perguntou: ‘Rafa, o que você vai fazer dia 27 de julho?’ A gente está com uma agenda tão corrida que na hora eu nem pensei, só lembrava que iria para a Jornada. Foi quando ele me perguntou: ‘você quer ficar perto do Papa?’ Claro que sim, nem que eu tenha que furar umas filas lá. Vou correr, mas vou tocar nele”, brinca.

A escolha do jovem atendeu a uma série de requisitos, como conhecer a realidade da Diocese onde vive, demonstrar representatividade jovem, ser bilíngue e ter entre 14 a 29 anos.

Pedido especial

Aos três anos de idade, os pais de Rafael descobriram que ele era portador de síndrome nefrótica, uma doença renal. O advogado explica que o próprio organismo rejeita os rins e que a doença não tem cura. A possibilidade de um transplante foi descartada pelos médicos, já que o órgão também seria rejeitado pelo corpo.

Ele conta que aos 12 anos foi submetido a tratamento e a doença se estabilizou, mas voltou a atacar os rins de forma mais agressiva há quatro anos. Por conta disso, Rafael revela ter um pedido especial para fazer ao papa Francisco. “Queria uma cura. Mas também vou pedir para fortalecer a fé. A paz que ele vai passar ali para mim vai me fortalecer por muitos e muitos anos”, disse.

“Encomendas” para a Jornada

Diante da possibilidade de representar os colegas durante a Jornada Mundial da Juventude, Rafael tem sido procurando por muitos fiéis católicos de Bauru e até da região com pedidos para levar “encomendas” ao Papa Francisco.

“Teve gente que trouxe a foto do filho, que está viciado em drogas. Outros pediram para levar terços, medalhas para serem abençoados. Mas aí eu até brinco e digo que embora o título seja maior, a benção de um Papa e a benção de um padre tem o mesmo efeito que a benção de Deus. Então o próprio padre aqui pode abençoar”, explica.

O advogado conta que, diante dos inúmeros pedidos para levar fotos à JMJ para serem abençoadas pelo pontífice, ele teve a ideia de criar uma camiseta personalizada que pretende vestir durante o evento. “Pensei que não posso ir só com desejo próprio, por isso estou pedindo fotos para as pessoas e elas estão me mandando por e-mail. Com isso eu vou montar uma camiseta estampando essas fotos e levar para o Rio. Serão três unidades. Vou entregar uma para o Papa, outra trago de volta para a Diocese e uma vai ficar comigo como recordação”, disse.

Jovens e a Igreja

Pensando em arrebatar jovens fiéis, a Igreja Católica aposta na JMJ para manter vivas as práticas religiosas com as novas gerações. Em 1986, quando o papa João Paulo II criou a JMJ, ele já acreditava na força dos jovens para manter a doutrina católica em evidência.

Para o advogado de Bauru, os jovens têm conquistado cada vez mais espaço na Igreja Católica e estão cientes da responsabilidade de levar às futuras gerações os valores cristãos e católicos para além das fronteiras da instituição milenar.

“Começamos a ganhar espaço dentro da Igreja. Não que a Igreja tenha fechado as portas para a gente, nunca foi isso. Na verdade as portas sempre estiveram abertas. Eram os jovens que tinham receio de ir um pouquinho além. E esse ano a gente espera entrar com tudo. É a renovação da Igreja. É raro a gente vir numa missa e não ver um jovem”, avalia.

Sobre a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como novo Papa, Rafael é enfático. Para ele, o papa Francisco é exemplo de humildade. Prova disso é que, durante passagem pelo Rio, o pontífice deve realizar missa em uma comunidade carente da capital carioca. Segundo Rafael, o desafio agora é a igreja se moldar ao perfil dos jovens que vem arrebatando.

“A igreja está preparada para aceitar o que gente pode fazer por ela? Porque quando eu comecei a trabalhar com os jovens eu comecei a perceber que eles são vistos como o futuro certo a ser preparado. Só que muitas vezes eles são silenciados no presente. Então a maioria da comunidade e da sociedade veem o jovem como uma pessoa adormecida. Quando eles se engajam, ganham uma força incrível. Maior exemplo disso é a Semana Missionária que está sendo organizada em Bauru, só pelos jovens e pelo padre Wellington. Vai ser um grande evento”, defende. 

Papa Francisco no Brasil
Com um público estimado em 1,5 milhão de pessoas, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013 ocorre entre os dias 23 e 28 de julho, no Rio de Janeiro. O evento, realizado a cada dois ou três anos, promove um encontro internacional de jovens católicos o Papa. A última edição da JMJ ocorreu em 2011, em Madri, na Espanha, e reuniu cerca de 2 milhões de pessoas, de mais de 190 países.

O evento marca também a primeira grande visita internacional do papa Francisco desde sua nomeação como líder máximo da Igreja Católica, em 13 de março desde ano. O Pontífice chega ao Rio de Janeiro na tarde do dia 22 de julho, com retorno a Roma previsto para o dia 28. Sua agenda no Brasil contempla a visita à comunidade de Varginha, no complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio, e ao Hospital São Francisco de Assis. Além disso, terá um encontro com a sociedade no Theatro Municipal, no centro da cidade, e ao Santuário de Aparecida, em São Paulo. O ponto alto fica por conta de duas grandes celebrações na praia de Copacabana, na zona sul do Rio, nos dias 25 e 26.

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Fonte: Especial para Terra
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