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Os próximos passos da reforma da Previdência

9 jul 2019 - 11h41
(atualizado em 10/7/2019 às 05h44)
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Proposta de emenda à Constituição que modifica regras de aposentadoria chega ao plenário da Câmara, onde deve ser votada em dois turnos antes de seguir para o Senado. Governo pressiona por aprovação antes de recesso.Nesta terça-feira (09/07), a Câmara dos Deputados começou a analisar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que modifica regras de aposentadoria da Previdência Social, a chamada reforma da Previdência. Os parlamentares precisam avaliar o texto em dois turnos antes de optar pela aprovação ou rejeição da proposta, que tramita há cinco meses.

Em dois turnos, PEC precisa receber pelo menos 308 votos favoráveis na Câmara para ser aprovada
Em dois turnos, PEC precisa receber pelo menos 308 votos favoráveis na Câmara para ser aprovada
Foto: DW / Deutsche Welle

Este é o primeiro do até cinco passos para que o tema possa entrar em vigor. Após passar pelo plenário da Câmara, a matéria ainda será encaminhada para apreciação pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e pelo plenário do Senado. Em caso de aprovação em dois turnos pelas duas Casas legislativas, a medida pode ser promulgada. Se o Senado rejeitar, volta para avaliação da Câmara.

A base governista espera submeter o texto da PEC à votação nesta quarta-feira e concluir os dois turnos e votação de eventuais emendas e destaques até sexta-feira, antes do recesso parlamentar, que começa no dia próximo dia 18.

Maioria qualificada é necessária

Como se trata de uma emenda à Constituição, são necessários os votos favoráveis de pelo menos 308 dos 513 deputados nos dois turnos da votação. Governistas têm a expectativa de aprovar ainda nesta terça o texto-base da PEC para que apenas emendas e destaques sejam avaliados nesta quarta.

O texto que vai ao plenário é o que foi aprovado na última sexta-feira pela comissão especial criada na Câmara para avaliar a reforma da Previdência.

Para o primeiro turno ocorrer, um empecilho regimental precisava ser superado: pelas regras da Câmara, a PEC só poderia entrar na pauta de votação no plenário após terem ocorrido outras duas sessões legislativas na Câmara nesse período, contadas a partir da publicação no Diário Oficial do parecer aprovado pela comissão especial.

Na segunda-feira, entretanto, só foi realizada uma sessão extraordinária, ficando para esta terça-feira a missão de fazer outra antes que a PEC possa ser submetida ao plenário. Na madrugada de terça para quarta, a Câmara encerrou a fase de debates e convocou nova sessão para votação da PEC nesta quarta.

Sessão começa se tiver 257 deputados

Além disso, para o primeiro turno da PEC da Previdência começar no plenário, é necessária a presença de pelo menos 257 parlamentares, registrados no painel eletrônico da Casa. A oposição pretende utilizar o regimento a seu favor para protelar a votação do texto antes do recesso, tanto mantendo um quórum abaixo do mínimo necessário quanto apresentando requerimentos à mesa diretora para adiar a discussão ou apresentar questões de ordem.

Desde o fim de semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem feito conversas com os líderes dos partidos para convencê-los a agilizar as votações. Ele também pretende incluir na proposta as previdências de estados e municípios.

Para o segundo turno de votações, o regimento prevê outro intervalo de cinco sessões entre uma votação e outra. Maia acredita que, se aprovada a reforma em primeiro turno, será mais fácil aprovar um requerimento dispensando o intervalo regimental.

Próximo passo é o Senado

Se aprovado nos dois turnos da Câmara nesta semana, o texto da PEC segue para apreciação do Senado, onde também devem ocorrer dois turnos de votação. O mínimo de votos favoráveis nas duas rodadas para aprovar a reforma é de 49 dos 81 senadores.

O impacto fiscal com a reforma da previdência deve ser de R$ 1,074 trilhão em dez anos, conforme o texto aprovado na comissão especial, que leva em conta redução de despesas de R$ 933,9 bilhões e crescimento da receita em R$ 137,4 bilhões, por meio de aumento de impostos e extinção de isenções. Já a proposta inicial enviada pelo governo federal previa economia de R$ 1,2 trilhão no período.

Os principais pontos da proposta que será votada:

Trabalhador urbano: idade mínima de 62 anos e tempo de contribuição de 15 para mulheres e idade mínima de 65 para homens, com contribuição de 20 anos.

Servidores federais: idade mínima continuará fixada na Constituição, com detalhes estabelecidos em lei complementar após a promulgação da reforma.

Trabalhador rural: mantidas as regras atuais, com idade mínima de 55 anos para mulheres e 60 anos para homens. Inclui garimpeiros e pescadores artesanais. O tempo mínimo de contribuição para homens sobe para 20 anos. O das mulheres permanece em 15.

Professores: mulheres receberão aposentadoria com o último salário da ativa, além dos mesmos reajustes que trabalhadores da ativa, a partir dos 57 anos. Homens só terão esses direitos a partir dos 60.

Policiais militares e bombeiros: aposentadorias permanecem sob responsabilidade dos Estados.

Juízes: retira da Constituição a possibilidade de pena disciplinar de aposentadoria compulsória a juízes, além de suprimir parágrafo que impede contagem de tempo de contribuição para juízes que não contribuíram com a Previdência enquanto exerceram a advocacia.

CW/abr/ots

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