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O Brasil na imprensa alemã (15/05)

15 mai 2019 - 11h14
(atualizado em 22/5/2019 às 11h57)
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Imprensa alemã destaca simpatia de Bolsonaro pelas armas, o amplo uso de pesticidas no Brasil e as críticas feitas à Volkswagen, durante uma assembleia-geral em Berlim, por sua aproximação com o governo.Neues Deutschland - Volkswagen abraça novamente os fascistas no Brasil, 14/05

Na Assembleia Geral da Volks, em Berlim, ativistas criticaram a falta de avaliação crítica de seu passado por parte da montadora - e sua aproximação com o governo de Jair Bolsonaro.

"A democracia no Brasil está em grave perigo. E isso também tem algo a ver com vocês", disse Christian Russau, olhando brevemente para cima e para o aglomerado City Cube no Parque de Exposições de Berlim. Centenas de acionistas da Volkswagen reuniram-se lá na terça-feira. Russau é um deles. O ativista de Berlim é membro da direção da associação Critical Shareholders. A organização não governamental com sede na cidade de Colônia compra ações de grandes empresas alemãs para obter o direito de voto, o direito de intervir nas assembleias-gerais anuais e de acusar o conselho de administração de violações dos direitos humanos. Mas o que tem a Volks a ver com crimes de direitos humanos no Brasil?

Segundo Russau, vários membros do conselho, como Andreas Renschler, chefe da divisão de veículos comerciais, referiram-se positivamente ao novo presidente radical de direita, Jair Bolsonaro. O atual governo não só persegue opositores políticos e reduz sistematicamente os direitos humanos, como também está ativamente envolvido na deterioração dos direitos trabalhistas e vem minando enormemente as possibilidades de organização sindical.

A Volkswagen também não tem problemas com o ultradireitista governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Em março, Witzel visitou a Alemanha e reuniu-se em Berlim com o CEO da VW Bus and Trucks no Brasil, Roberto Cortes. Sobre isso, Russau disse: "É nojento que Cortes viaje para a Alemanha às custas da empresa para apertar as mãos de Witzel."

A cooperação da Volks com forças autoritárias e fascistas no Brasil tem uma longa tradição. A Volkswagen atua no Brasil desde 1953 e atualmente emprega cerca de 20 mil pessoas no país. Durante a ditadura militar (1964 a 1985), a Volks teve funcionárias e funcionários espionados em uma das maiores fábricas estrangeiras do grupo e fornecia informações aos agentes secretos da ditadura. Como resultado, vários empregados e empregadas foram presos e torturados.

Frankurter Allgemeine Zeitung - Pelos cidadãos de bem, 09/05

Quase nenhum lugar no Brasil é mais seguro que a residência do presidente. Mesmo assim, Jair Bolsonaro coloca toda noite sua pistola na mesa de cabeceira antes de ir dormir. É o que ele conta, pelo menos. Sua simpatia pelas armas se manifestou agora num novo decreto: quem tem posse de arma de fogo poderá comprar agora até 5 mil cartuchos, em vez dos 50 de antes (...) Em 2017, houve 63.880 mortes violentas no Brasil, uma taxa recorde de 30,8 mortes por 100 mil habitantes. Em nenhum outro lugar do mundo tantas pessoas são mortas por armas de fogo como no Brasil. O país registrou também um aumento acentuado do número de mortos por policiais nos últimos meses. As estatísticas refletem uma política de segurança que continua a centrar-se no confronto. No governo Bolsonaro, não há sinais de uma atenuação da situação - pelo contrário. Na sociedade brasileira circula um chavão: bandido bom é bandido morto.

Der Spiegel - Laranjas envenenadas,11/05

As frutas do Brasil são exportadas para todo o mundo, inclusive para a Alemanha. Em nenhum outro lugar do mundo é utilizada tamanha quantidade dos piores pesticidas.

O boom da agricultura tem um lado obscuro: a superpotência agrícola Brasil é uma das recordistas mundiais no uso de agrotóxicos. Praticamente em todos os produtos são usados químicos para aumentar a produtividade.

Todas as multinacionais químicas estão representadas no Brasil. A Bayer opera sua própria fábrica perto do Rio de Janeiro. A empresa, que se fundiu com a antiga Monsanto, produz glifosato no Brasil, que é comercializado sob o nome de Roundup. O controverso ingrediente ativo é o líder de mercado de pesticidas aprovados no Brasil. "Uma proibição do glifosato seria um desastre para nós", diz Luis Rangel, secretário do Ministério da Agricultura.

Por ano, são vendidos no Brasil 10 bilhões de dólares em pesticidas. E seu uso "praticamente não é monitorado", diz Larissa Mies Bombardi, professora do Instituto de Agrogeografia da Universidade de São Paulo. "O seu uso assemelha-se muitas vezes à guerra química."

O Brasil tem uma lei avançada sobre pesticidas. "Mas temos muito poucos inspetores para verificar a sua aplicação", admite o secretário Rangel.

Sob o novo presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, aliás, os grandes latifundiários não precisam ter medo de controles. O poderoso lobby agrário é um dos seus pilares mais importantes no Congresso.

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