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O Brasil na imprensa alemã (14/08)

14 ago 2019 - 15h56
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Mídia da Alemanha repercute em peso a reação de Bolsonaro ao anúncio de que a Alemanha vai suspender projetos de financiamento na Amazônia. Protesto de mulheres indígenas em Brasília também é destaque.Tagesspiegel - Bolsonaro: "Brasil não precisa do dinheiro" (11/08)

"Bolsonaro é um cético do clima e aliado da indústria agrícola", diz imprensa alemã
"Bolsonaro é um cético do clima e aliado da indústria agrícola", diz imprensa alemã
Foto: DW / Deutsche Welle

Após as críticas de Berlim, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, declarou que as contribuições alemãs para projetos de preservação florestal e biodiversidade em seu país são dispensáveis. "Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso", disse Bolsonaro no domingo, em resposta às declarações da ministra alemã do Meio Ambiente, a social-democrata Svenja Schulze.

Schulze disse ao Tagesspiegel que a política do governo brasileiro na Amazônia levanta dúvidas sobre "se ainda se persegue uma redução consequente das taxas de desmatamento". Somente quando houver clareza novamente, o apoio financeiro para projetos de preservação florestal no Brasil poderá continuar, declarou a ministra. Segundo a reportagem, num primeiro passo, trata-se de projetos no valor de 35 milhões de euros.

Sob o ultradireitista presidente brasileiro Bolsonaro, a destruição da Floresta Amazônica acelerou maciçamente. Bolsonaro é um cético do clima e aliado da indústria agrícola, que precisa de novas terras para o cultivo de soja e gado.

Frankfurter Allgemeine - Bolsonaro depreza financiamento alemão (12/08)

Segundo o presidente Jair Bolsonaro, o Brasil não precisa do dinheiro da Alemanha para proteger a Floresta Amazônica. "Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso", afirmou Bolsonaro no domingo, em Brasília. Dessa forma o chefe de Estado populista de direita reagiu ao anúncio feito pelo Ministério do Meio Ambiente alemão de que, devido ao forte crescimento do desmatamento na Amazônia, por enquanto não vai mais financiar nenhum novo projeto para proteger florestas e a biodiversidade no Brasil.

"A política do governo brasileiro na Região Amazônica deixa dúvidas sobre se ainda se persegue uma redução consequente das taxas de desmatamento", declarou a ministra alemã do Meio Ambiente, a social-democrata Svenja Schulze, ao jornal berlinense Tagesspiegel. Somente quando houver clareza novamente, o apoio financeiro para projetos de preservação florestal no Brasil poderá continuar, disse.

Bolsonaro quer explorar mais economicamente a Região Amazônica, não demarcar mais áreas de proteção e permitir mais desflorestamento. Após declarações críticas feitas pela chanceler federal Angela Merkel sobre o desmatamento da Floresta Amazônica, Bolsonaro dissera em junho que a Alemanha tem muito a aprender com o Brasil sobre proteção ambiental.

Bolsonaro é cético das mudanças climáticas e aliado da indústria agrícola, que precisa de novas terras para cultivar soja e gado. No início do mês, ele demitiu o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), depois de uma disputa sobre a extensão do desmatamento da Floresta Amazônica. O diretor do Inpe havia acusado Bolsonaro de "covarde", depois que este questionou publicamente os dados de satélite do instituto.

taz - Bolsonaro divide Berlim (13/08)

O fato de o presidente brasileiro Jair Bolsonaro não priorizar a proteção da Floresta Amazônica não é novidade. O ultradireitista está próximo demais do lobby agrário, que reivindica pastagens na Amazônia.

Mas agora a ministra alemã do Meio Ambiente, a social-democrata Svenja Schulze, anunciou uma consequência do crescente desmatamento. Ela quer congelar por volta de 35 milhões de euros que deveriam ser disponibilizados para projetos de proteção florestal no contexto da Iniciativa Internacional de Proteção Climática (IKI). [...] Segundo Schulze, somente projetos em andamento serão mantidos.

O anúncio de Schulze deixou Bolsonaro pouco impressionado. A Alemanha deixaria agora de comprar a prestações a Amazônia, disse o presidente, recomendando que se fizesse bom uso desse dinheiro. "O Brasil não precisa disso", ressaltou o chefe de Estado.

No entanto Berlim não cortou todos os subsídios para o Brasil. Além dos 35 milhões de euros do IKI, pelo qual o Ministério do Meio Ambiente é responsável, também está em questão a contribuição alemã para o Fundo Amazônia, que vem da pasta do ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller. O fundo é alimentado principalmente por contribuições da Noruega. Dos cerca de mais de 753 milhões de euros, pouco menos de 43 milhões de euros vêm da Alemanha.

Em maio, o ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou planos de gastar parte do dinheiro dos subsídios em indenizações para proprietários de terras na Amazônia. Os fundos da Iniciativa Internacional de Proteção Climática são usados principalmente para proteger a biodiversidade. Além do reflorestamento, o montante muito maior do Fundo Amazônia também apoia, por outro lado, a qualificação das populações indígenas na floresta.

De qualquer forma, o dinheiro do fundo está atualmente bloqueado: neste ano não foi aceito nenhum dos 54 projetos que solicitaram financiamento. As candidaturas ainda estão na avaliação técnica, informou o portal de notícias G1 na segunda-feira.

O governo da Noruega sempre advertiu sobre a interrupção do fundo que Oslo cofinancia como maior doador. "Seria um retrocesso, é uma inspiração para outros países ricos em florestas", disse em julho o ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês, Ola Elvestuen. A Alemanha não deve recuar, disse Oyvind Eggen, secretário-geral do Fundo Amazônia, ao taz:

"Porque assim a Alemanha mostraria que aceita a afirmação de Bolsonaro de que a Amazônia é um assunto nacional interno. A cooperação com o Brasil não se trata de apoio ao Brasil, mas de esforços conjuntos para garantir o futuro da Terra."

Deutschlandfunk - Indígenas protestam contra perda de suas terras (14/08)

Mulheres indígenas protestaram no Congresso brasileiro contra a política ambiental do presidente Bolsonaro.

A presidente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, disse em Brasília que o anúncio de Bolsonoro de não querer mais demarcar áreas de proteção significa a perda de assentamentos tradicionais. Com isso, Bolsonaro declarou guerra aos povos indígenas, afirmou Guajajara.

Acima de tudo, o presidente quer explorar mais economicamente a Amazônia e permitir mais desmatamento. O governo brasileiro foi recentemente criticado devido à importância excepcional da Floresta Amazônica para a proteção climática global.

CA/ots

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