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No Rio de Janeiro, catadores lutam para sobreviver durante pandemia

31 mar 2020 - 20h16
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Deise Geraldine é uma das centenas de catadores do Rio de Janeiro cujo ganha-pão consiste em coletar garrafas e latas deixadas por consumidores, bares e restaurantes nas calçadas.

Catadora Deise, de 36 anos, ao lado da filha na casa da camília em Duque de Caxias (RJ)
27/03/2020
REUTERS/Ricardo Moraes
Catadora Deise, de 36 anos, ao lado da filha na casa da camília em Duque de Caxias (RJ) 27/03/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

Mas com a pandemia de coronavírus deixando os consumidores em casa e os estabelecimento fechados, sua cooperativa de catadores também parou, e seus membros passam por dificuldades para colocar comida à mesa. 

"E quando acabar e o leite e fralda dos meus filhos?", questionou Geraldine de sua casa, cujas paredes são feitas de compensado de madeira. "Para a gente pode faltar tudo, mas para os filhos não pode não." 

Geraldine é membro da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (Coopama), um grupo de catadores de material reciclável no Rio. A cooperativa tem quase 900 membros que coletam e separam o lixo buscando itens que possam ser reciclados. Agora, no entanto, as instalações da Coopama, que normalmente são sempre movimentadas, estão vazias. 

O Brasil tem mais de 5.717 casos confirmados de coronavírus, mais do que qualquer outro país na América Latina.

A pandemia colocou governo federal e Estados em rota de colisão. O presidente Jair Bolsonaro tem demonstrado contrariedade às medidas de isolamento, minimizando os riscos do Covid-19. Ao mesmo tempo, autoridades estaduais, incluindo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), impuseram quarentenas alinhadas com as orientações de organizações internacionais. 

Mas as restrições apresentam um custo para a maioria dos trabalhadores mais vulneráveis. 

"Nesta semana, o pessoal já não tem mais nada, um valor, um dinheiro, para comprar seus alimentos e manter suas despesas", disse Luiz Carlos Fernandes, presidente da cooperativa. 

Jhonatan Ezequiel tem coletado material para a cooperativa pelos últimos quatro meses. Ele se preocupa com dinheiro, mas a saúde vem primeiro. 

"Tenho muito medo de acontecer alguma coisa, de contaminar a minha família, minha família morrer e não poder fazer nada", disse. 

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF MPP

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