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'Não podemos pescar, não podemos tomar banho, o rio morreu para nós'

16 nov 2015 - 07h51
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"Não podemos tomar banho, não podemos pescar...O rio morreu para nós", disse à BBC Brasil o indígena Aiá Krenak, enquanto contemplava as plácidas águas do rio Doce, contaminadas pela lama espessa que escoa há dez dias de duas barragens de rejeitos de Mariana, a 100 km de Belo Horizonte.

Os krenak vivem em uma tribo de cerca de 350 índios atravessada pelo rio, a poucas dezenas de quilômetros da fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. Tida como sagrada há gerações, toda a água utilizada pelos índios para consumo, banho e limpeza vinha dali.

"Vi muito peixe morto, quase desmaiei, de tanto chorar", contou Dejanira de Souza Krenak, outra moradora da tribo.

À BBC Brasil, os índios informaram que foram notificados por uma decisão judicial que determina que eles deixem o local em até cinco dias ─ o prazo expira na próxima terça-feira.

Eles prometem continuar lá ─ a menos, dizem, que representantes da Vale apareçam para discutir com eles a recuperação do rio sagrado e um esquema de fornecimento de água por caminhões pipa.

A tribo decidiu interromper a Estrada de Ferro Vitória-Minas, em protesto contra a contaminação do rio Doce, após o rompimento das barragens da mineradora Samarco.

Procurada, a Vale informa que "continua, com apoio da Funai, as tentativas de negociação com o Povo Indígena Krenak para liberação da ferrovia".

A Vale, controladora da Samarco, é dona da linha férrea, por onde transporta minérios para exportação.

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