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Na Rússia, Eduardo Cunha diz ‘não ser inimigo’ de gays

Durante visita a Moscou, Presidente da Câmara disse também ser a favor do financiamento privado de partidos

8 jun 2015 - 15h11
(atualizado às 16h49)
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Cunha e Calheiros participaram de fórum dos Brics em Moscou
Cunha e Calheiros participaram de fórum dos Brics em Moscou
Foto: BBC Brasil

Em visita à Rússia para participar do primeiro fórum parlamentar dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu as doações de empresas a partidos políticos e disse que "não é inimigo" da comunidade LGBT.

"Com a regra existente hoje, o financiamento (privado) é feito para partidos e candidatos. O que foi aprovado é somente para partidos", afirmou, em referência à aprovação na Câmara, em maio, de doações eleitorais de empresas a partidos políticos.

A votação foi patrocinada por Cunha e ainda precisa de nova aprovação na Câmara e no Senado para que a possibilidade de doações de empresas a partidos seja incluída na Constituição brasileira.

Cunha argumenta que, ao vetar as doações diretamente aos candidatos, a legislação ficou mais restritiva.

"Beneficia o cidadão porque a outra opção seria o financiamento público, ou seja, pagar dos impostos dos cidadãos as campanhas eleitorais. Em contraponto a isso, (a nova regra) é menos onerosa para o cidadão", afirmou em Moscou à BBC Brasil.

Eduardo Cunha é alvo de protestos em Porto Alegre:

E, no dia seguinte à 19ª Parada do Orgulho LGBT em São Paulo - que teve Cunha como um dos principais alvos de críticas pelos manifestantes, por sua agenda conservadora -, o presidente da Câmara disse que "não há gesto (…) contra minoria sendo patrocinado por mim".

"Eu não sou inimigo de ninguém. Eu represento aquilo que a maioria do Parlamento assim deseja. Não estou dizendo que a maioria esteja decidindo sobre o direito da minoria. Eu represento a expressão daquilo que a gente tem como maioria", afirmou.

"Eu não tenho campanha nem contra nem a favor de quem quer que seja. Se O Boticário (marca que mostrou casais homossexuais em uma peça publicitária recente) está fazendo campanha, os organismos próprios de controle de publicidade são os que devem analisar. Cada um tem seu direito de liberdade de expressão. Não cabe a nós, do Parlamento, tratarmos disso."

Questionado a respeito de seu projeto de 2011, para criar o Dia do Orgulho Heterossexual, ele afirmou que "era uma circunstância de um debate político feito há muitos anos", no qual "estava fazendo um confrontamento político-ideológico dentro da linha que pedia voto".

Em fevereiro deste ano, Cunha pediu que dois projetos de sua autoria voltassem as comissões da Câmara – a criação do Dia do Orgulho Hétero e um projeto que criminaliza o "preconceito contra heterossexuais".

Fórum dos Brics

Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros, participaram nesta segunda-feira do primeiro fórum parlamentar dos países do Brics, em Moscou.

O presidente da Câmara disse no discurso que a consolidação do bloco é importante para a preservação da paz e a resolução dos conflitos mundiais e também para a colaboração em temas atuais importantes, como o terrorismo e o tráfico internacional de drogas.

A viagem oficial dos políticos foi cercada de críticas por ter incluído dias de turismo para os parlamentares da comitiva, muitos dos quais viajaram acompanhados de suas esposas a Israel e Rússia.

Cunha afirmou que os gastos das esposas foram pagos pelos próprios políticos.

Questionado a respeito da presença na comitiva do Pastor Everaldo (PSC) - candidato derrotado à Presidência em 2014 -, Cunha se limitou a dizer que o pastor foi a Israel e continuou a viagem a Moscou "também por conta dele".

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