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JBS: MPF homologa acordo de leniência com multa de R$ 10 bi

Pivô de uma crise política no governo Temer, holding dos irmãos Batista pagará multa de R$ 10,3 bilhões em 25 anos

24 ago 2017 - 21h26
(atualizado em 25/8/2017 às 08h06)
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A 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal homologou nesta quinta-feira (24) o acordo de leniência firmado entre a Procuradoria da República no Distrito Federal e a J&F, holding que controla a empresa JBS. O colegiado ainda determinou o fim do sigilo do acordo.

Com a homologação, começam a contar os prazos estabelecidos para o cumprimento das obrigações assumidas pelos irmãos Batista, pivô da maior crise política do governo Michel Temer.

A negociação assegura o fim das investigações da Polícia Federal (PF) e do MPF contra as empresas do grupo J&F nas operações Greenfield, Sepsis, Cui Bono, Bullish e Carne Fraca.

O acordo de leniência, firmado em 5 de junho passado, prevê o pagamento de uma multa de R$ 10,3 bilhões, que poderá ser parcelada ao longo dos próximos 25 anos. Como o valor deve ser corrigido ao longo desse período, a soma final pode passar de 20 bilhões de reais.

Visão geral de unidade da processadora de carne JBS, na cidade de Lapa, no Paraná
Visão geral de unidade da processadora de carne JBS, na cidade de Lapa, no Paraná
Foto: Reuters

Trata-se do maior valor da história mundial em acordos de leniência, uma espécie de delação premiada para empresas. O recorde anterior era do grupo Odebrecht, que em novembro concordou em pagar 2,5 bilhões de dólares (6,8 bilhões de reais).

Do total a ser pago pela J&F, cerca de 2,3 bilhões de reais serão repassados para projetos sociais, segundo informou o MPF em maio, quando o valor foi negociado.

O restante, 8 bilhões, será destinado a entidades e órgãos públicos prejudicados pelos atos criminosos praticados por empresas ligadas à J&F. São eles: Fundação dos Economiários Federais (Funcef) (25%), Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) (25%), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (25%), União (12,5%), Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (6,25 %) e Caixa Econômica Federal (6,25%).

Os 10,3 bilhões de reais representam 5,62% do faturamento bruto registrado pelas empresas da J&F em 2016. Segundo o MPF, o percentual de multa equivale à média verificada em outros quatro acordos firmados durante a Operação Lava Jato.

A proposta original do MPF previa que as multas poderiam passar de 30 bilhões de reais, mas a Lei Anticorrupção, aprovada em 2013, permite desconto máximo de até dois terços em caso de colaboração. Em 2016, o faturamento das empresas da J&F alcançou 183,2 bilhões de reais.

A J&F é controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, que ganharam notoriedade quando a gravação de uma conversa entre Joesley e o presidente Michel Temer foi revelada pela imprensa. No diálogo, o empresário afirma para o chefe de Estado que subornou dois juízes e um procurador. O presidente apenas assentiu e não revelou o caso.

Ainda segundo um delator, o diretor da J&F Ricardo Saud, a holding fez pagamentos de propina a 1.829 candidatos de 28 partidos e também a 16 governadores eleitos.

Empresário deixa de comprar carne da JBS, após escândalos:
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