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MPF denuncia ex-presidente da Petrobras Bendine na Lava Jato; pena pode chegar a 25 anos

22 ago 2017 - 15h36
(atualizado às 16h23)
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O Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta terça-feira denúncia à Justiça contra o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine por quatro crimes relacionados ao recebimento de propina de 3 milhões de reais da Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato, e estimou pena de 25 anos de prisão para o executivo caso seja condenado.

Ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine 28/01/2016 REUTERS/Sergio Moraes
Ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine 28/01/2016 REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

Bendine foi denunciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, pertinência à organização criminosa e embaraço de investigação, o que faz dele o primeiro ex-CEO da petroleira a ser denunciado por envolvimento no escândalo de corrupção. Além dele, outras cinco pessoas também foram denunciadas pelo MPF neste caso.

"É relevante afirmar que a solicitação de propina por Aldemir Bendine foi efetuada quando este assumiu a presidência da Petrobras, o que mostra o tanto que era audaz a prática da criminalidade, justamente por aquele que foi à Petrobras para sanear os problemas de corrupção da companhia", disse o procurador da República da força-tarefa da Lava Jato Athayde Ribeiro Costa em entrevista coletiva em Curitiba.

Bendine, que está preso pela Polícia Federal desde o fim de julho, foi presidente-executivo da Petrobras de fevereiro de 2015 a maio de 2016, tendo sido indicado para o cargo pela então presidente da República, Dilma Rousseff, após a deflagração da Lava Jato. Antes de assumir a petroleira, Bendine foi presidente do Banco do Brasil.

Os procuradores afirmaram que Bendine solicitou os benefícios irregulares à empreiteira Odebrecht se apresentando como interlocutor da Presidência da República, mas que não há qualquer indício de participação de Dilma nos fatos investigados.

De acordo com as investigações, Bendine inicialmente fez pedido de pagamento de propina à Odebrecht, no valor de 17 milhões de reais, na época em que estava à frente do Banco do Brasil para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da empreiteira, mas o pagamento não foi efetuado.

No entanto, às vésperas de assumir a Petrobras, Bendine e seus operadores voltaram a pedir pagamento de propina da empreiteira, que acabou pagando 3 milhões de reais de forma irregular em troca de benefícios dentro da estatal, inclusive em relação às consequências da própria Lava Jato.

A defesa de Bendine negou em nota que ele tenha cometido irregularidades. "A defesa reitera que a atuação de Ademir Bendine no Banco do Brasil e na Petrobras pautou-se pela legalidade, e não houve benefício a Odebrecht ou a qualquer outra empresa no período em que presidiu as entidades", disse.

Caso seja condenado pelos quatros crimes pelos quais foi denunciado, Bendine deve receber pena de 25 anos de detenção, na avaliação dos procuradores, que pediram a prorrogação da prisão preventiva do executivo.

"Recebimento de propina no avançar da Lava Jato, com práticas de lavagem de dinheiro em tão recente tempo, mostra que é necessário estancar a habitualidade criminosa de Aldemir Bendine, por isso a necessidade da prisão se mantém e deverá, a juízo do Ministério Público, continuar", afirmou o procurador da República.

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