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MP do Rio diz que porteiro mentiu em depoimento em que citou Bolsonaro no caso Marielle

30 out 2019 - 17h07
(atualizado às 18h40)
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O Ministério Público do Rio de Janeiro disse nesta quarta feira que o porteiro do condomínio em que o presidente Jair Bolsonaro tem casa na capital fluminense mentiu no depoimento em que afirmou que um dos acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) entrou no local afirmando que iria para a casa do presidente, então deputado federal.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília
18/10/2019 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília 18/10/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de terça disse que o porteiro afirmou em depoimento que Élcio Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no assassinato da vereadora e de seu motorista Anderson Gomes, em março do ano passado, entrou no condomínio afirmando que ia à casa de Bolsonaro e que teve a entrada autorizada pelo "seu Jair".

Queiroz, de acordo com a reportagem que cita o depoimento, teria, na verdade, ido à residência de Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que mataram Marielle e Anderson. Lessa mora no mesmo condomínio de Bolsonaro.

"Ele mentiu", disse a promotora Simone Sibílio, do MP fluminense, em entrevista coletiva. "As testemunhas prestam depoimento e o MP checa. Nada passa sem ser checado... qualquer testemunha que mente, seja porteiro ou qualquer outro, pode ser processado", afirmou.

Na reportagem, o Jornal Nacional disse que o sistema de presença da Câmara dos Deputados mostra que Bolsonaro estava na Casa no dia do assassinato de Marielle, o mesmo em que Queiroz teria visitado Lessa no condomínio.

"Nós detectamos que quem atende essa ligação (do interfone da portaria do condomínio) não é a autoridade com foro de prerrogativa de função (Bolsonaro)", disse a promotora

"A informação dada pelo porteiro não é compatível com a prova pericial... não há compatibilidade entre os depoimentos do porteiro e a prova pericial. A pessoa que autoriza a entrada é Ronnie Lessa e qualquer afirmação que difere disso é equivocada e não guarda coerência com a prova técnica."

As investigações do MP, que lidera a apuração do caso Marielle junto com a polícia do Rio de Janeiro, apontam que é de Ronnie Lessa a voz que aparece em uma gravação autorizando a entrada de Élcio Queiroz no condomínio, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, às 17h07 do dia 14 de março de 2018.

Horas depois, os dois teriam saído em um carro clonado até o centro do Rio de Janeiro para executar o plano de assassinar a vereadora carioca.

A polícia e o MP do Rio de Janeiro ainda buscam o mentor da morte de Marielle e a motivação para o crime. As investigações já levaram Lessa e Queiroz à prisão sob acusação de serem os executores do crime.

Em live transmitida na madrugada na Arábia Saudita, onde se encontra em viagem oficial, Bolsonaro negou veementemente ter autorizado a entrada em seu condomínio do suspeito no dia do crime e se ofereceu a falar com a polícia para se defender.

A promotora disse que, como um dos porteiros do condomínio citou em depoimento o nome do presidente da República, um contato foi feito com o Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que a menção envolvia uma pessoa com foro por prerrogativa de função.

"Imediatamente fizemos isso ao STF por ter sido citada uma pessoa com foro de prerrogativa de função. O MP cumpre a lei e se curva à lei e entrou em contato com o STF", afirmou ela.

Também nesta quarta, após Bolsonaro afirmar que acionaria o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que o porteiro prestasse depoimento à Polícia Federal sobre o caso, o ministro solicitou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a abertura de um inquérito para investigar a citação feita ao nome do presidente Jair Bolsonaro em apuração sobre o assassinato da vereadora. [nL2N27F09G]

A PGR disse que foram arquivadas as informações sobre a citação de Bolsonaro no caso e que o pedido de Moro foi recebido e o caso será apurado pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

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