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Ministério Público investiga mortes em Paraisópolis como homicídios

4 dez 2019 - 08h45
(atualizado às 09h06)
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Procurador-geral fala em homicídios, mas diz ainda não ser possível apontar atitude errada dos policiais envolvidos na ação. Testemunhas contestam versão dos PMs. Causa das mortes deve ser apurada por legistas.O Ministério Público de São Paulo anunciou nesta terça-feira (03/11) que está investigando como homicídio as nove mortes ocorridas no último domingo durante uma intervenção da Polícia Militar em um baile funk na favela de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista.

Moradores de Paraisópolis dizem que PMs encurralaram e agrediram frequentadores de baile funk
Moradores de Paraisópolis dizem que PMs encurralaram e agrediram frequentadores de baile funk
Foto: DW / Deutsche Welle

"Designei a promotora do júri para fazer a apuração a respeito dos homicídios que ocorreram em Paraisópolis", disse o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio. "Ela vai acompanhar as investigações." Esta é a primeira vez que um órgão público se refere às mortes como homicídios.

A apuração do caso, que deve durar cerca de 30 dias, está a cargo da promotora Soraia Bicudo Simões, do 1º Tribunal do Júri. O órgão julga casos de homicídios.

Smanio afirmou que ocorrerá uma mediação envolvendo representantes de comunidades e do poder público, mas não citou detalhes da medida, segundo reportagem do Agora São Paulo.

O procurador-geral admitiu que imagens do ocorrido em Paraisópolis chocam, mas disse que no momento não é possível indicar nenhuma atitude errada dos policiais. "O MP entende que são imagens que precisam de apuração", frisou, citado pelo portal UOL.

Segundo a PM, os nove jovens mortos, com idades entre 14 e 23 anos, teriam morrido pisoteados após criminosos entrarem no baile atirando contra policiais que os perseguiam, provocando, assim, o tumulto. Mas parentes das vítimas e participantes do evento contestam essa versão.

Os seis policiais militares que participaram da ação e foram afastados dos trabalhos de rua afirmaram que perseguiam dois suspeitos em uma motocicleta. Estes teriam entrado no baile atirando contra os policiais e provocando pânico nos frequentadores do baile. Testemunhas, no entanto, negam ter havido esses tiros iniciais dos supostos criminosos e disseram terem sido encurralados pelos policiais.

De acordo com relatos de moradores, os policiais bloquearam os acessos à rua onde ocorria o baile. Segundo eles, os PMs dispararam munição não letal e agrediram frequentadores com golpes de cassetete, encurralando pessoas em becos estreitos e provocando pânico e consequentes pisoteamentos.

As causas exatas das mortes dos nove jovens ainda devem ser esclarecidas por laudos de legistas.

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