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Marina critica o "todos contra Bolsonaro", mas se contrapõe a posições do deputado

8 jun 2018 - 18h35
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A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nessa sexta-feira que considera um erro a política de todos contra um, numa alusão a um ataque generalizado de candidatos ao líder das pesquisas, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), mas durante cerca de uma hora e meia de entrevista a jornalistas estrangeiros fez diversas críticas a posições defendidas pelo parlamentar.

Pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, participa de evento em São Paulo
06/06/2018
REUTERS/Adriano Machado
Pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, participa de evento em São Paulo 06/06/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Marina prometeu uma campanha sem ataques e um governo programático, baseado em programas, e não pragmático, como fizeram, segundo ela, a ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer, que, na sua avaliação, levaram o Brasil a uma situação dramática no campo fiscal, político e social.

"Para mim, é um erro os projetos políticos orientarem projetos para combater o Bolsonaro e trabalhamos para apresentar propostas ao Brasil e fazer debate sobre educação, infraestrutura, desenvolvimento sustentável, economia, segurança", disse a ex-senadora.

O deputado lidera as pesquisas quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece como candidato.

Durante a entrevista, Marina Silva atacou a ideia defendida por Bolsonaro de "armar" a população contra a violência. O candidato do PSL é favorável à liberação ao porte de armas.

"Não acredito que vai se resolver o problema dramático da violência distribuindo armas para a população e não quero que meu país que tem como símbolos importantes na bandeira passe a ter uma arma", disse Marina.

"A obrigação do Estado é proteger os cidadãos e não vai ser um ato das pessoas que vai combater violência, pelo contrário vai aumentar a violência", acrescentou ela

Marina, que ficou em terceiro lugar nas duas últimas eleições presidenciais, criticou posturas sectárias.

"Temos que nos unir em prol do Brasil… juntar um grupo para combater o outro já nos levou ao fundo do poço e se permanecer assim vamos para um poço sem fundo. Somos democráticos, não podemos tergiversar sobre democracia e direitos humanos. É assim que queremos nos firmar na América Latina e no mundo", disse ela.

O regresso ao autoritarismo, outra posição marcante da candidatura de Bolsonaro, ex-capitão do Exército, também foi alvo das críticas de Marina Silva.

Ao ser instigada pelos jornalistas sobre a possibilidade de o Brasil estar vivendo um momento pré-revolucionário, com protestos, greve de caminhoneiros, insatisfação social e altos níveis de criminalidade, Marina, mais uma vez, cutucou Bolsonaro.

"Reconsquistamos a duras penas nossa democracia e não podemos pensar em saudosismo e querer voltar à ditadura ou ao autoritarismo… a sociedade vive momento difícil, com decepções políticas, com crise no desemprego, na saúde e na perspectiva de vida e não podemos entrar na ideia de supostos salvadores da pátria", alertou a ex-ministra, afirmando que há pessoas hoje no Brasil que usam a democracia para sabotar a própria democracia.

Evangélica praticante, Marina também marcou presença contra o principal adversário na corrida presidencial, mesmo quando surgiram pontos polêmicos como casamento homoafetivo e aborto. A candidata da Rede admitiu que pessoalmente é contra, mas considera ideal, como eventual futura governante do Brasil, fazer um plebiscito para que a população debate e escolha o caminho a ser seguido.

Pesquisa encomendada pela XP investimentos, divulgada nesta sexta-feira, mostrou Bolsonaro liderando a disputa nos cenários sem a presença de Lula com até 23 por cento de apoio. Marina chega a 13 por cento. Lula, que está preso há dois meses, cumprindo pena por condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), deverá ser impedido de concorrer devido à Lei da Ficha Limpa.

Marina lamentou na entrevista o pouco tempo de propaganda que terá no rádio e na TV durante o horário eleitoral gratuito e os escassos recursos disponibilizados pelo fundo eleitoral, que, para ela, foi elaborado para preservar os interesses dos partidos que há anos dominam o jogo político: PT, PSDB e MDB.

PETROBRAS

A candidata da Rede também entrou na polêmica sobre a política de preços da Petrobras, que causou uma greve de caminhoneiros de 11 dias que parou boa parte do Brasil e seus efeitos serão sentidos por um bom tempo sobre a economia.

Para ela, o governo precisa preservar os interesses da Petrobras, que está inserida num ambiente de economia de mercado, mas sem penalizar os consumidores com altas quase diárias nos preços dos combustíveis, como vinha sendo praticado especialmente na gestão do ex-presidente da estatal Pedro Parente.

"O Brasil não pode achar que pode passar preços do combustível todo dia ao consumidor em um país que depende do transporte de cargas", defendeu, ao frisar que se eleita vai priorizar investimentos em ferrovias e hidrovias e buscará uma matriz energética mais limpa.

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