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Lula: entre se entregar e resistir

6 abr 2018 - 05h20
(atualizado às 07h45)
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Ex-presidente permanece no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e ainda não decidiu se vai se apresentar ou não à Polícia Federal em Curitiba. Ele considera mandado de prisão expedido por Moro "absurdo".O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece nesta sexta-feira (06/04) na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para onde se dirigiu no início da noite de quinta, logo após o anúncio da expedição do mandado de sua prisão pelo juiz Sérgio Moro.

Foto: DW / Deutsche Welle

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O ex-presidente deve ficar na sede sindical ao menos até a manhã desta sexta-feira. O mandado de prisão expedido por Moro determina que ele se apresente à sede da Polícia Federal em Curitiba até as 17h desta sexta.

O juiz ordenou a prisão de Lula após receber um ofício do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que autorizou o início do cumprimento da pena. O documento foi emitido depois de o STF rejeitar nesta quinta-feira um pedido de habeas corpus solicitado pela defesa do ex-presidente.

Em declarações à emissora CBN, Lula acusou Moro de estar agindo politicamente para impedir seu direito à defesa e acrescentou que vai aguardar orientações dos seus advogados para decidir se vai se entregar ou não às autoridades. Lula afirmou que considera absurdo o mandado de prisão de que é alvo e acusou Moro de sonhar com sua detenção. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a posição dos advogados é de que Lula se apresente.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin, afirmou que a decisão do TRF-4 de autorizar a prisão é arbitrária, pois ainda cabe ao ex-presidente apresentar um último recurso ao tribunal. "Estão contrariando a própria decisão do tribunal do dia 24, quando os três desembargadores determinaram que a prisão só poderia acontecer depois de exaurida toda a tramitação em segunda instância", declarou Zanin à Folha.

Entre as lideranças petistas há aqueles que defendem que Lula não deve se entregar à Justiça. Defensor dessa tese, o senador Lindbergh Farias afirmou na noite desta quinta-feira que Lula ainda não decidiu se vai se apresentar ou não à Polícia Federal em Curitiba. "Na minha avaliação, não tem que se entregar. Se entregar é admitir culpa, não é o caso. Tem de prender o Lula no meio desse mar de gente, numa violência, com repercussão internacional, mas Lula ainda não decidiu, vai decidir só amanhã", disse Farias.

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que o mandado de prisão "reedita os tempos da ditadura" no Brasil. "É uma violência sem precedentes na nossa história democrática", acrescentou.

Apoio de políticos e militantes

Ao longo da noite, Lula recebeu o apoio de militantes, que se concentraram em frente ao sindicato, e de políticos. Num discurso feito em cima de um carro de som estacionado em frente ao sindicato, a ex-presidente Dilma Rousseff disse que o mandado de prisão "faz parte do golpe" que começou com seu impeachment.

"O Lula é inocente. Está sendo vítima de uma das mais graves ações contra uma pessoa. Nossa Constituição é clara. Não se pode prender sem ter esgotado todos os recursos. O presidente [Lula] tinha direito de recorrer", disse. "Isso faz parte do golpe. O golpe que começou quando me tiraram da Presidência da República sem nenhum crime que eu tivesse cometido."

Ela atribuiu o pedido de prisão a uma "perseguição política" a Lula e convocou à resistência. "Vocês que estão aqui são capazes de resistir. Nós não somos um bando de pessoas que entende a linguagem das pedras e dos tiros. Esse não é o Brasil que queremos. Vamos continuar resistindo com coragem", disse. Em seguida, o público começou a gritar: "Lula, guerreiro do povo brasileiro."

Em apoio ao ex-presidente foram ao sindicato a deputada Luiza Erundina, a senadora Gleisi Hoffmann e o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência pelo PSol. A pré-candidata à Presidência pelo PCdoB, Manuela D'Avila, também esteve no sindicato para prestar solidariedade a Lula.

AS/abr/lusa

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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App

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