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Jucá diz que Janot é "líder de facção" e que atos do procurador devem ser vistos com desconfiança

13 set 2017 - 19h25
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O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), referiu-se nesta quarta-feira ao atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como "líder de facção" e afirmou que qualquer ato do chefe da PGR está "eivado de erros" e "rancor".

Romero Jucá concede entrevista em Brasília
 23/5/2016    REUTERS/Adriano Machado
Romero Jucá concede entrevista em Brasília 23/5/2016 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Jucá defendeu ainda que os próximos passos do procurador - como o oferecimento da esperada segunda denúncia contra o presidente Michel Temer - assim como as delações premiadas tocadas por ele devem ser encaradas com "desconfiança".

"O líder dessa facção, Rodrigo Janot, ele vai ficar mais dois dias na PGR, o que é lamentável, até porque está acabando de forma muito triste e muito melancólica", disse o líder a jornalistas, em referência ao mandato do atual procurador, que se encerra no domingo, para ser substituído por Raquel Dodge.

"Então qualquer ato dele hoje está eivado de uma série de erros, de raiva, de rancor, de tentativa de apagar o rastro de irregularidades para que a nova procuradoria-geral da República efetivamente não encontrasse isso, mas parece que não está dando certo", afirmou o senador, ao deixar reunião da comissão executiva do PMDB, partido que presidente nacionalmente.

Jucá aproveitou ainda para lançar dúvidas sobre a delação do empresário Lúcio Funaro, operador financeiro tratado como homem de confiança da cúpula do PMDB, que também envolveria o presidente Temer.

"Essas delações premiadas montadas pelo Rodrigo Janot já deram o exemplo do que são. Eu acho que qualquer delação premiada a essa altura do campeonato tem que ser muito investigada e muito comprovada para se dar ouvido a ela", disse.

"É uma delação direto do fornecedor para o procurador, ou seja, é um acordo entre amigos e um acordo entre amigos a gente tem que desconfiar."

Jucá também questionou a força de uma eventual segunda denúncia contra Temer e defendeu que seja tratada com "desconfianças maiores".

No início do mês, Janot determinou a abertura de uma investigação para apurar indícios da prática de crimes omitidos por delatores da J&F em áudios entregues pelo grupo ao Ministério Público. Os áudios levantam a suspeita, inclusive, de que o ex-procurador da República e auxiliar de Janot Marcelo Miller teria atuado por interesses de delatores da JBS antes de deixar o órgão.

Nesta quarta-feira, por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram a arguição de suspeição de Janot, feita pela defesa do presidente Temer.

Segundo Jucá, durante a reunião da executiva do PMDB na tarde desta quarta, foi comunicado o afastamento por 60 dias do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso há 5 dias por continuar a praticar crimes e agir de forma "sorrateira" ao esconder mais de 51 milhões de reais em espécie, segundo o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira.

Jucá evitou, no entanto, fazer qualquer avaliação e afirmou que o partido não poderia se posicionar antes de uma manifestação da justiça e da própria defesa do correligionário.

Aliado histórico de Michel Temer e bastante próximo do presidente, Geddel já havia sido preso em 3 de julho, acusado de tentar pressionar o doleiro Lúcio Funaro para evitar que ele fizesse uma delação premiada. O ex-ministro foi solto 10 dias depois para cumprir prisão domiciliar.

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