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Interesse internacional na Amazônia não se traduziu em investimentos, diz Mourão

27 jan 2021 - 10h57
(atualizado às 12h45)
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O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira que o aumento do interesse internacional na Amazônia não se traduziu em novos investimentos e que sem apoio financeiro o Brasil não será capaz de atingir seus objetivos de conservação na região.

Vice-presidente Hamilton Mourão durante cerimônia em Brasília
16/09/2020 REUTERS/Adriano Machado
Vice-presidente Hamilton Mourão durante cerimônia em Brasília 16/09/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Apesar do crescimento no interesse na situação da floresta amazônica, o mesmo não pode ser dito da cooperação financeira e técnica internacional, que ficou muito abaixo das necessidades da região. É claro para nós que sem um esforço conjunto de parceiros tanto do setor privado quanto público, não conseguiremos atingir nosso principal objetivo, que é ter uma Amazônia vibrante, próspera e preservada", disse Mourão em um dos painéis do Fórum Econômico Mundial, que este ano tem sua edição online.

O vice-presidente, que é coordenador do Conselho da Amazônia, afirmou ainda que o setor privado precisa liderar iniciativas de desenvolvimento sustentável na região, já que no quadro atual de pandemia ou mesmo no pós-pandemia os governos não terão recursos para investimentos na área.

"É crucial que o setor privado tome a dianteira no financiamento de pesquisas e programas científicos para a região. Governos, especialmente no cenário de economia pós-pandêmica, não terão superávits disponíveis para direcionar grandes quantias para este tipo de atividades", afirmou Mourão.

Segundo o vice-presidente, que tem conversado com investidores nacionais e internacionais, existe uma disposição do setor privado em financiar projetos na região, mas é necessário um mecanismo para canalizar doações e investimentos que seja "robusto e efetivo."

Mourão disse ainda que o Ministério da Economia trabalha em um plano para atrair investimentos em negócios de desenvolvimento sustentável para a região e reconheceu que a falta de infraestrutura dificulta o acesso. Mas, afirmou, os planos de desenvolvimento e preservação da região só terão sucesso com maior engajamento do setor privado, nacional e internacional.

"Nosso governo tem a principal responsabilidade na preservação do nosso país, mas o desenvolvimento sustentável só vai ter sucesso com maior engajamento do setor privado", disse.

"Investimentos internacionais são essenciais para levar adiante essas iniciativas. Não podemos nos basear apenas nos governos para desenvolver essa bioeconomia. Para torná-las viáveis, investidores e outros envolvidos no processo precisam estar comprometidos."

Mourão lembrou ainda que a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) Verde Brasil, para combater desmatamento e queimadas na região, encerra em abril e não será renovada. A obrigação de fiscalizar a região caberá novamente apenas às agências ambientais, que sofrem com sucateamento e falta de pessoal. Segundo o vice-presidente, o governo trabalha em um plano para recuperá-las.

"Nós temos trabalhado em um plano para garantir as condições necessárias para que nossas agências reassumam, na sua melhor condição, as operações nas nossas florestas. A operação Verde Brasil será concluída no próximo mês de abril. Nesse ponto, as operações serão lideradas novamente por nossas agências ambientais", disse.

Em sua fala no Fórum Internacional, em um painel dedicado apenas à preservação das florestas, o vice-presidente destacou uma queda no desmatamento na floresta amazônica de 17% no segundo semestre.

Mourão não citou, no entanto, que os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram, no período de agosto de 2019 a julho de 2020 --como são normalmente levantados os dados anuais de desmatamento-- que a região perdeu 11.088 km² de área, 9,5% a mais do que o período anterior e o maior desde 2008.

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