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Indígenas são assassinados a tiros no Maranhão

7 dez 2019 - 18h54
(atualizado em 9/12/2019 às 11h39)
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Pelo menos dois indígenas foram vítimas de disparos partindo de um veículo não identificado. Vítimas são da mesma etnia que Paulino Guajajara, guardião da floresta assassinado em novembro numa emboscada.Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Benicio Guajajara morreram vítimas de um atentado a tiros na manhã deste sábado (07/12) no Maranhão. Eles saíam de uma reunião entre caciques e a empresa Eletronorte quando foram atingidos por disparos que, segundo relatos, vieram de um veículo branco, às margens da rodovia BR 226, entre as aldeias Boa Vista e El Betel.

Segundo informações do governo do Maranhão, houve mais feridos, que foram encaminhados para o hospital. Policiais militares isolaram a cena do crime e estão na área.

Magno Guajajara, cacique que estava no local no momento do atentado, disse que cinco pessoas estavam dentro do carro de onde partiram os disparos. "Eles passaram atirando e atingiram nosso parente. É muito preconceito, muita intolerância", disse à DW Brasil sobre o crime.

Um trecho da rodovia, entre os municípios de Barra do Corda e Grajau, foi interditado pelos indígenas. "É um protesto para chamar a atenção das autoridades e exigir justiça", justificou Magno.

Segundo o cacique, cerca de 60 pessoas participaram da reunião com a Eletronorte, estatal construtora das hidrelétricas Tucuruí (PA), Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA), além de termelétricas em Rondônia, Acre, Roraima e Amapá. O tema da reunião seria ações de bem-estar voltadas para os habitantes da Terra Indígena (TI) Canabrava, no Maranhão.

"Nós nos sentimos vulneráveis. [O atentado] pode ter a ver com as denúncias que a gente faz das invasões dentro dos nossos territórios", explicou Magno Guajajara. Em nota, o governo do Maranhão afirmou que a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular acompanha o caso junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai). Um pedido de providências também foi enviado à Polícia Federal. Em seu twitter, o governador Flávio Dino lamentou o caso e a violência contra povos indígenas.

O aumento da violência contra ambientalistas e povos indígenas tem sido denunciado por diversas organizações no país. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) estima que, de janeiro a novembro, mais de 160 casos de ataques e invasões de territórios indígenas ocorreram em todo o Brasil.

Os indígenas assassinados são da mesma etnia que Paulino Guajajara, vítima de uma emboscada dentro da TI Arariboia (MA), em 1º de novembro. Ele era um dos guerreiros guardiões da floresta e organizava rondas pelo território para expulsar os invasores. A Polícia Federal segue investigando o crime.

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