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ENTREVISTA-Base aliada precisa ter candidatura única à Presidência para ter relevância na eleição, diz Marun

4 jan 2018 - 17h41
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A poucos meses do início do período eleitoral, o presidente Michel Temer se debate em uma reprovação história, mas o governo se articula para tentar centralizar uma candidatura única da sua base de apoio, que reúne cerca de uma dezena de partidos, para tentar defender o governo e garantir relevância nas próximas eleições.

Carlos Marun no Palácio do Planalto em Brasília
21/02/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Carlos Marun no Palácio do Planalto em Brasília 21/02/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"Entendemos que a união desse conjunto de forças é fundamental para que tenhamos condições de interferir na eleição", disse em entrevista à Reuters o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. "Eu entendo que esse conjunto de forças que hoje compõe a base do governo vai ou ter um candidato ou apoiar algum candidato."

Nomeado em dezembro para o cargo, em substituição ao tucano Antonio Imbassahy, quando o PSDB abandonou a base do governo depois de várias ameaças, Marun é um dos emedebistas fiéis ao presidente. Deputado em primeiro mandato, conhecido como bom conversador, o ministro assumiu o cargo com a tarefa de ajudar a aprovar a reforma da Previdência e preparar o governo para as eleições de 2018.

Na base aliada, que vai de DEM a PTB, pelo menos dois nomes aparecem como possíveis candidatos, o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) --sem contar a possibilidade do próprio MDB apresentar um nome.

Apesar dos vários nomes que surgem, Marun afirma que o bloco terá vários pré-candidatos, mas apenas um candidato. Além de Maia e Meirelles, coloca na lista um eventual apoio ao governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, "uma alternativa que não pode ser descartada", apesar dos maus sentimentos que ficaram com a abrupta saída do PSDB da base do governo.

"A posição do PSDB na reforma da Previdência pode ser uma ponte para um entendimento. Já está sendo", disse. "Desde que o bloco tenha entendimento, é uma alternativa que não pode ser descartada."

Com uma aprovação de apenas 6 por cento na última pesquisa Ibope, Temer é um apoio considerado incômodo por candidatos que comungam dos mesmos princípios do atual governo.

Por outro lado, a força do MDB, que ainda detém o maior número de prefeituras do país e uma enorme capilaridade no interior do país, é um apoio considerado quase indispensável por candidatos que pretendem vencer uma eleição presidencial. Além disso, a grande bancada na Câmara, garante ao MDB o direito a um bom tempo de TV no horário eleitoral.

Marun justifica que a defesa do projeto do governo é questão essencial para o apoio do partido.

"Tem que defender o projeto do governo. É esse o espaço que temos. Batendo no governo pela direita estão uns, batendo no governo pela esquerda estão outros. Quem vier conosco pelo centro vai ser alguém que defenda a agenda das reformas, que na verdade é um projeto que implantamos juntos e que queremos chegar ao final juntos elegendo o próximo presidente da República", afirmou.

Segundo o ministro, apesar de ser o maior partido da base, o MDB não exige uma cabeça de chapa.

"Estamos aí para uma discussão. Estamos trabalhando muito na visão desse bloco, um bloco de centro, formado pelos partidos que hoje compõe a base do governo e queremos seguir juntos nas próximas eleições", disse.

Outros emedebistas ouvidos pela Reuters confirmam que o MDB, que há pouco mais de um ano aprovou em convenção a ideia de que o partido precisaria de um candidato próprio, reconhecem que hoje o partido não tem um nome para apresentar. No entanto, a legenda tem força suficiente para ocupar um espaço e interferir no próximo governo.

DÉFICIT MENOR

Pessoas próximas ao presidente começaram a aventar, nas últimas semanas, a possibilidade do próprio Michel Temer se candidatar, uma alternativa que ele sempre negou.

Esse grupo aposta na recuperação da popularidade de Temer nos próximos meses. Marun afirma que o presidente continua não querendo discutir essa hipótese, mas confirma que Temer "é um nome".

"Eu tenho certeza que vai melhorar, já está melhorando. Nós sofremos durante seis meses uma campanha muito forte, que visou atrapalhar o presidente e em vários aspectos foi vitoriosa. Atrasou a reforma da Previdência. Realmente, ela trouxe um prejuízo imenso à popularidade do presidente", afirmou.

Marun garante que a reprovação ao governo é fruto da "campanha" contra Temer e que a popularidade é excepcionalmente baixa para um governo com ótimos resultados econômicos.

"Conseguimos, em uma combinação de controle de gastos e aumento da arrecadação produzir um déficit 30 bilhões (de reais) menor que o previsto. Temos muitas coisas positivas. Não se reflete no aumento da popularidade em função da força das mentiras que foram ditas a respeito do presidente", reclama o ministro. A meta de déficit para 2017 foi fixada em 159 bilhões de reais.

A aposta de Marun é que, nos próximos meses, com uma eventual retomada do crescimento econômico, o apoio do governo volte a ser interessante e seja possível ocupar um espaço entre a extrema-esquerda e a extrema-direita.

"Se sairmos com três, quatro candidaturas de centro, as chances são menores de estarmos no segundo turno. Poderemos ter um segundo turno onde venham se opor forças antagônicas como uma extrema-esquerda e uma extrema-direita. Isso não é bom para o Brasil", defendeu.

"Nós queremos, enquanto projeto de centro, enfrentar ou uma candidatura de extrema-esquerda ou de extrema-direita. Queremos uma candidatura que esteja no segundo turno e na sequência seja vitoriosa."

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