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"É um ultraje inaceitável", dizem 52 ONGs em carta a Bolsonaro após declarações

22 ago 2019 - 16h54
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Em carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro divulgada nesta quinta-feira, 52 organizações não-governamentais disseram ser um "ultraje inaceitável em si" a declaração do chefe do Poder Executivo Federal de que essas entidades estariam por trás das queimadas no país diante do suposto fato de elas terem perdido recursos para se financiar.

Fumaça em área de queimada na floresta amazônica, perto de Humaitá (AM)
14/08/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino
Fumaça em área de queimada na floresta amazônica, perto de Humaitá (AM) 14/08/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A carta, subscrita por ONGs como Instituto Socioambiental, Oxfam Brasil, SOS Mata Atlântica, diz que é uma prática prejudicial atribuir aos outros a responsabilidade por eventos pelos quais se é realmente responsável.

"Como presidente do Brasil, suas responsabilidades incluem a conservação de um ambiente ecologicamente equilibrado, de acordo com nossa Constituição", diz a manifestação, escrita em inglês e obtida pela Reuters.

"Essa acusação específica já é um ultraje inaceitável em si --mas o que torna a situação ainda pior é que esse não é um caso isolado. Você tem freqüentemente destacado sua vontade de erradicar toda a atividade de ativismo no Brasil, assim como declarou, sem qualquer evidência, que as ONGs no Brasil têm práticas ilegítimas", completa.

O texto afirma ainda que é "ultrajante" ver que as instituições que se dedicam total e abnegadamente às causas sociais são atacadas e injustamente acusadas de serem responsáveis pelos danos que realmente trabalham para exterminar.

"Infelizmente, fazer esse trabalho corajoso no Brasil muitas vezes traz um risco para a vida daqueles que trabalham por um país mais justo e humano que respeite seu ambiente e sua liberdade", afirma.

"As ONGs devem ser consideradas aliadas do governo em muitas agendas-chave para a construção de uma sociedade próspera, digna e desenvolvida", acrescenta o texto.

"Por isso, reforçamos que, se houver genuína aspiração e ação concreta para defender o interesse público e combater as práticas ilegais, o governo deve respeitar, valorizar e procurar colaborar com a sociedade civil organizada. Somos capazes e estamos dispostas a unir esforços para trabalhar para o Brasil", finaliza a carta.

Nesta manhã Bolsonaro ter acusado as ONGs na véspera, mas insistiu que "a maior suspeita" sobre os recentes incêndios na Amazônia vem delas.

"As ONGs perderam dinheiro, com o dinheiro da Noruega e Alemanha que vinha para cá. Estão desempregados. Têm que fazer o quê? Tentar me derrubar, tentar me derrubar. É o que sobra para eles, mais nada além disso", disse Bolsonaro nesta quinta-feira.

"Pode ser fazendeiro (o responsável pelas queimadas)? Pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs", repetiu.

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