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Dobradinha entre movimentos sociais e grevistas dão novo perfil a protestos

10 jun 2014 - 05h26
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Os recentes protestos em São Paulo sinalizam que as manifestações durante a Copa terão um perfil diferente das de 2013.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, a atual movimentação organizada nas ruas é marcada por uma dobradinha entre movimentos sociais e sindicatos, e parece ter comandos e pautas mais definidos - apesar da eventual participação de grupos de tendência mais anarquistas, como os organizados em torno dos atos #NãoVaiTerCopa.

Nas manifestações ocorridas na segunda-feira, os sindicalistas do Metrô ganharam o apoio de diversos movimentos sociais. A intenção dos ativistas era transformar a causa salarial de uma categoria em um protesto geral, nos moldes dos ocorridos durante a Copa das Confederações.

"Somos todos metroviários", gritavam os ativistas. Contudo, o recente protesto nas ruas do centro de São Paulo não reuniu as multidões presentes nos atos do ano passado.

A greve do metroviários ganhou a solidariedade de movimentos sociais como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), e ganhou corpo com a participação de outros grupos, em boa parte graças, segundo especialistas, à internet.

"Se antes o movimento era amplo e difuso, e tinha uma pauta variada, o movimento atual é direcionado. É uma organização tradicional vitaminada pelas redes sociais", disse à BBC Brasil o sociólogo Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"E nós teremos Copa e teremos manifestações. Os movimentos sociais vivem de oportunidades políticas e a Copa é o grande momento de visibilidade para esses grupos", diz.

Reorganização dos movimentos

Para Rafael Alcadipani, cientista social da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, "os protestos de 2013 ocorreram sem que houvesse qualquer expectativa. Já o movimento atual já era esperado".

Alcadipani concorda que o perfil dos movimentos que ganharam força nos últimos dias é mais tradicional, citando os metroviários, professores e funcionários públicos e de universidades.

Para Alcapadiani, a novidade da atual movimentação não é em relação aos protestos do ano passado em si, mas à própria configuração política desses movimentos.

"Boa parte dos movimentos de hoje são uma dissidência do petismo. Os movimentos sociais têm no geral uma ligação umbilical com o PT. Quando o partido entrou no governo, muitos acabaram cooptados. Mas o que vemos hoje são movimentos que perceberam que podem ganhar mais fazendo oposição ao governo do que caminhando junto com ele", diz.

Alcapadiani cita especificamente o MTST, que diferente do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), faz oposição ao governo petista.

Diferente de Baía, Alcapadiani crê que os movimentos podem arrefecer durante o Mundial, diante da "crescente repressão" aos protestos, diz.

"O protesto virou o grande temor da segurança pública da Copa. O governo se ampara nas forças militares, da polícia, para amedrontar esses movimentos", diz.

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