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Criticado por Bolsonaro na ONU, cacique Raoni pede renúncia do presidente

25 set 2019 - 16h46
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O cacique Raoni Metuktire, indicado ao Prêmio Nobel da Paz, disse nesta quarta-feira que seu povo não deixará a Amazônia e pediu a renúncia do presidente Jair Bolsonaro, que na véspera acusou o líder indígena de ser "peça de manobra" de interesses estrangeiros.

Cacique Raoni Metuktire fala com jornalistas no Congresso, em Brasília 25/9/2019REUTERS/Adriano Machado
Cacique Raoni Metuktire fala com jornalistas no Congresso, em Brasília 25/9/2019REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Raoni foi recebido por parlamentares de oposição sob aplausos e cânticos tribais na Câmara dos Deputados, onde falou com repórteres por meio de uma intérprete.

"Bolsonaro disse que eu não era um líder, mas é ele que não é líder e tem que sair", disse Raoni, de 89 anos, na entrevista coletiva, após gritos dos parlamentares de "Raoni sim, Bolsonaro não".

Raoni, um ícone inconfundível da Amazônia, ficou conhecido internacionalmente como ativista ambiental nos anos 1980, ao lado do músico Sting.

O cacique caiapó se tornou símbolo da luta contra o desmatamento na Amazônia, e um grupo de ambientalistas e antropólogos apresentou o nome dele como candidato ao Prêmio Nobel da Paz de 2020 por sua defesa da floresta ao longo da vida.

Na terça-feira, em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro criticou Raoni ao rebater críticas internacionais aos incêndios na floresta amazônica e afirmar que a Amazônia não faz parte do patrimônio mundial.

"A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes, alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia", disse Bolsonaro.

Bolsonaro defende a exploração mineral e agrícola da Amazônia, inclusive com a participação indígena em suas reservas. Na ONU, o presidente acusou as ONGs de quererem manter as tribos da Amazônia vivendo como "homens das cavernas".

Raoni deixou claro que seu povo quer continuar vivendo como sempre viveu nas terras ancestrais, que estão cada vez mais sob ameaça de invasões de madeireiros ilegais, garimpeiros e grileiros desde que Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro.

"Minha preocupação é com o meio ambiente. Hoje todo mundo está preocupado. Meu trabalho é preservar a floresta para todos, para a sobrevivência dos meus netos, as terras indígenas, os povos indígenas e o meio ambiente."

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