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Companheiro brasileiro de jornalista envolvido com Snowden pede ação de autoridades

19 ago 2013 - 13h40
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O companheiro brasileiro do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que publicou denúncias de espionagem dos EUA com base em documentos secretos revelados por Edward Snowden, prometeu nesta segunda-feira tomar providências e pediu a ação de autoridades brasileiras, após ter sido detido num aeroporto de Londres.

Jornalista norte-americano Glenn Greenwald recebe seu companheiro David Miranda no aeroporto internacional do Rio de Janeiro. David Miranda, de 28 anos, foi interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow, no domingo, antes de ser liberado sem acusações. 19/08/2013.
Jornalista norte-americano Glenn Greenwald recebe seu companheiro David Miranda no aeroporto internacional do Rio de Janeiro. David Miranda, de 28 anos, foi interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow, no domingo, antes de ser liberado sem acusações. 19/08/2013.
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

David Miranda, de 28 anos, foi interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow por autoridades britânicas, no domingo, antes de ser liberado sem acusações.

Autoridades britânicas valeram-se de lei antiterrorismo, que confere a agentes da imigração o direito de interrogar alguém "para determinar se aquele indivíduo está envolvido na ordem, preparação ou execução de atos de terrorismo", para deter o brasileiro, que desembarcou na manhã desta segunda no Rio de Janeiro.

"Eles estavam alegando a lei sobre terrorismo. Vou tomar providências aqui no Brasil. Espero que o Senado esteja vendo isso e eu espero que eles façam alguma coisa, porque a gente sabe o que está acontecendo", disse Miranda a jornalistas no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, onde foi recebido por Greenwald.

"Fizeram perguntas sobre a minha vida inteira, sobre tudo, levaram o meu computador, videogame, celular", afirmou Miranda. Após o incidente, o governo brasileiro emitiu uma nota manifestado "grave preocupação" com a detenção.

Greenwald, que mora no Rio de Janeiro, entrevistou recentemente Snowden, ex-prestador de serviço de uma agência de espionagem dos EUA e procurado pelas autoridades norte-americanas por ter vazado dados confidenciais. Ele utilizou entre 15 e 20 mil documentos repassados por Snowden para revelar detalhes sobre os métodos de vigilância da Agência Nacional de Segurança (NSA, na silga em inglês) dos EUA.

O jornalista afirmou nesta segunda-feira que a detenção de seu companheiro foi uma tentativa de intimidação contra seu trabalho, mas que vai responder com novas denúncias.

"Eles quiseram mandar uma mensagem... sobre intimidação. De que eles têm poder, e se continuarmos fazendo a nossa reportagem, publicando os segredos deles, que eles não vão ficar só passivos, mas vão atacar a gente com mais intensidade", afirmou a jornalistas.

"Eu vou fazer uma reportagem com muito mais agressão do que antes, vou publicar muito mais documentos do que antes. Eu vou publicar muitas coisas sobre a Inglaterra também, eu tenho muitos documentos sobre o sistema de espionagem da Inglaterra... Acho que eles vão se arrepender do que fizeram", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reiterou nesta segunda-feira o repúdio do governo brasileiro à detenção e disse que conversará mais tarde com o chanceler britânico, William Hague.

"Nós ontem (domingo) emitimos uma nota em que diz com muita clareza a posição do governo brasileiro. Nós consideramos que não é justificável essa detenção por nove horas com base na lei que se aplica a suspeitos de envolvimetno com terrorismo", afirmou Patriota a jornalistas no Rio de Janeiro.

"Esperamos que não volte a acontecer e hoje mesmo deverei conversar com o chanceler do Reino Unido, William Hague, para transmitir essa mensagem", acrescentou o chanceler.

Na nota de domingo, o Itamaraty afirmou que a medida foi "injustificável por envolver indivíduo contra quem não pesam quaisquer acusações que possam legitimar o uso de referida legislação".

O norte-americano Snowden está atualmente na Rússia, onde lhe foi concedido asilo por um ano, mas o governo de Barack Obama tem buscado maneiras para levá-lo de volta aos Estados Unidos para responder a acusações de espionagem.

(Por Pedro Fonseca; Reportagem adicional de Sérgio Queiroz, no Rio de Janeiro, e William James, em Londres)

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