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Summit Mobilidade: Pequenas cidades, grandes projetos

No interior, municípios adotam tecnologia para avançar em mobilidade urbana

28 mai 2021 - 15h05
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Identificados como bons laboratórios em mobilidade, pequenos e médios municípios brasileiros vêm apostando no uso de softwares livres para desenhar soluções ajustadas a seus caixas, com a urgência de economizar o tempo perdido no trânsito e melhorar a vida de motoristas e pedestres, de acordo com participantes do painel Mobilidade e Tecnologia, apresentado digitalmente no dia 21.

"O movimento de cidades inteligentes no Brasil está cada vez mais forte", disse a pesquisadora de cidades inteligentes Stella Hiroki. Segundo ela, são as pequenas e médias localidades que lideram em projetos inovadores. "No Brasil, é mais dinâmico usar essas cidades como plataforma, para conferir se funcionam, do que em grandes capitais", afirmou.

Em Joinville (SC), por exemplo, com 600 mil habitantes e 410 mil veículos, um projeto virou referência mundial em mobilidade. A Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável (Sepud) utilizou dados do Waze For Cities para adotar melhorias e mudanças viárias, sem a necessidade de desenvolver um novo software ou gerir custos adicionais. "Criaram uma metodologia inovadora no mundo, com um processo de design thinking, e também conversando com a população, para assegurar que o projeto dessa cidade inteligente estava de acordo com a necessidade deles (dos habitantes)", acrescentou Hiroki.

Cidade catarinense utilizou Waze for Cities para criar iniciativa que ‘devolveu’ 72 horas por ano aos moradores com mudanças na estrutura viária
Cidade catarinense utilizou Waze for Cities para criar iniciativa que ‘devolveu’ 72 horas por ano aos moradores com mudanças na estrutura viária
Foto: Divulgação/Prefeitura de Joinville / Estadão

Utilizando informações da plataforma, foi possível realizar simulações, e até mesmo criar digitalmente viadutos e outras intervenções viárias, para prever o impacto de eventuais soluções no trânsito e na mobilidade da população.

Em um caso, a conclusão foi de que uma simples rotatória e a eliminação de semáforos em algumas conversões conseguiria modificar a mobilidade. "A prefeitura devolveu 72 horas por ano aos moradores e cerca de R$ 7 milhões aos cofres públicos", afirmou Stella.

Para ela, Joinville mostrou que é possível buscar softwares livres para fazer simulações, extrair mapas, filtrar, fazer a gestão interna para diminuir a burocracia, sem prescindir da participação popular. "É olhar quais dados já são produzidos em nosso espaço urbano e que podem ser traduzidos em soluções para as nossas cidades", disse. Stella defendeu parcerias entre prefeituras, universidades e iniciativa privada para que outros lugares consigam replicar o modelo, seguindo as suas especificidades.

Olhar regional

Outro projeto - desenvolvido em oito cidades de pequeno porte no nordeste catarinense - também foi apresentado. Criado para auxiliar esse grupo de municípios no desenvolvimento dos planos de mobilidade simultaneamente, o PlanMob utilizou dados coletados na plataforma Google.

São cidades com perfis, vocações, usos e papéis diferentes dentro da própria região, o que influenciou na metodologia adotada. "O projeto ainda contemplou uma análise de expansão urbana das cidades, observando questões de sustentabilidade, territoriais, com a possibilidade de soluções conjuntas", comenta Renata Cavion, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Ela afirmou que muitas prefeituras carecem de equipes, tecnologia e sofrem com a restrição orçamentária. "Mas as tecnologias vêm para auxiliar os pequenos municípios a acessarem dados que antes não eram possíveis." Se a oferta de dados pode ajudar municípios a estudar as melhores alternativas para dinamizar espaços públicos, a privacidade de informações dos cidadãos não pode ser negligenciada, alerta Stella. "Em Cingapura, que é uma cidade inteligente consolidada, o banco de dados é tão grande, que, se a população permitir, governo e empresas conseguem mapear o deslocamento e o perfil de produtos que mais compram para direcionar comportamentos. Há um debate ético muito forte sobre isso", afirmou.

O caminhar nas cidades, como a garantia ao acesso a direitos básicos como saúde e educação, também estimulou o Google a desenvolver uma solução pensada na experiência do pedestre, que será lançada no País. "Utiliza realidade aumentada para o usuário conseguir ver as faixas de pedestre no Google Maps e atravessar com mais segurança", diz Newton Neto, diretor de Parcerias do Google.

Segunde ele, a empresa busca melhorar a qualidade do mapa-base, para oferecer informações de alta qualidade no nível da calçada. "É preparar o futuro para quando carros autônomos puderem entrar em circulação, para que entendam e naveguem pela complexidade que é o nosso sistema de cidades."

Estadão
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