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Shows em dia que marca 1º mês do massacre de Suzano revoltam pais

Organizadora do evento, Prefeitura diz que o objetivo é 'promover a paz'; celebração terá apresentações musicais e será no mesmo local onde ocorreu velório coletivo das vítimas do ataque

12 abr 2019 - 16h50
(atualizado às 17h17)
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SÃO PAULO - No dia em que completa um mês do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, a Prefeitura de Suzano vai realizar neste sábado, 13, um evento com apresentações ao vivo de artistas para "promover a cultura de paz". Apesar da proposta de homenagem às vítimas, os pais dos alunos consideraram a escolha desrespeitosa.

A celebração, chamada de "Suzano pela Paz", acontecerá no parque Max Feffer, local onde foi realizado o velório coletivo das vítimas. "É um absurdo. Até acredito que no coração do prefeito há uma boa intenção, mas acho que foi mal assessorado. Se fosse uma missa ecumênica, com todo mundo de branco para falar de paz eu concordaria. Mas é um show. É para comemorar o quê?", questionou Fabio Vilela, de 40 anos, pai de aluno.

O evento terá shows da Família Lima, Ana Vilela, Paulo César Baruk, entre outros. Um vídeo publicado na página da prefeitura diz que a celebração será um "grande encontro de amor com grandes artistas e personalidades" e pede aos que comparecerem para que "demonstrem que o bem é sempre maior que o mal".

No vídeo, a prefeitura ainda convida a todos para que se vistam de branco. "Nós, os pais, estamos pensando em todo mundo ir de preto para essa festa. Para deixar bem claro que ninguém está feliz", disse Vilela.

O vídeo de um minuto e toda a publicidade da prefeitura sobre o evento não fazem menção ao massacre e às vítimas. No entanto, vídeos publicados no perfil da administração municipal trazem artistas chamando o público para o evento e se solidarizando com as vítimas.

"É uma falta de respeito com os pais e com familiares de vítimas que foram mortas. É uma falta de respeito comigo. Ninguém quer lembrar da tragédia. Poderia ser uma manifestação de outra forma, não com showzinho. Fica parecendo que é uma festa", disse Lilian Lima, 39, mãe de um aluno de 13 anos.

Apesar de a administração municipal informar que não teve gastos com o evento, as famílias consideram que houve um equívoco nas prioridades da prefeitura. Enquanto os pais buscam soluções para mais segurança na porta das escolas, cogitando até mesmo pagar por vigilância particular, a decisão de buscar patrocinadores para um evento artístico não agradou.

"Por que não pegam esses patrocinadores para investir em segurança, para contratar mais gente para a Santa Casa. Muitos alunos foram atendidos em Mogi, outros no Hospital das Clínicas ou em particulares. Na Santa Casa não tem médico, a gente é atendido muito mal. Podiam usar o dinheiro para isso, não para essa palhaçada", disse Lilian.

Questionada, a Prefeitura de Suzano não informou o custo do evento, disse apenas que a realização conta com apoio de empresas, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e do Governo do Estado de São Paulo.

Em nota, disse que são esperadas 15 mil pessoas e informou que a escolheu o parque Max Feffer para a celebração por ser o "local com melhor capacidade de abrigar um grande número de pessoas na cidade" e justificou os shows dizendo que vê a necessidade de "promover políticas públicas que possam promover a paz para evitar que outras tragédias aconteçam"

Ações. A prefeitura disse que ainda que tem atuado em outras frentes para evitar outras tragédias como a que ocorreu, com atendimento psicológico às vítimas, instalação de câmeras nas unidades escolares, aumento de agentes de segurança escolar e treinamento de funcionários para a identificação de bullying.

Estadão
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