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'Se não fosse a entrega dela, não teria minha filha', diz mãe que adotou bebê de usuária de drogas

Aposentada conta que recebeu o bebê primeiro para acolhimento, mas decidiu pela adoção: 'Todo ano, no Dia das Mães, eu falo pra ela: Vamos fazer um desenho para a outra mãe?'

1 jul 2022 - 10h10
(atualizado às 11h20)
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RIO - Cristina Queiroz já tinha 48 anos e dois filhos crescidos, quando recebeu um bebê recém-nascido em sua casa para acolhimento. Não estava nos planos adotar naquele momento, mas enquanto a Justiça não resolvia o destino da criança, ela foi ficando na casa de Cristina. Ao fim de dois anos, a mãe biológica, que era viciada em drogas, optou por entregar voluntariamente a criança.

"Eu acho que ela foi a melhor mãe do mundo, porque ela fez o melhor que podia para a criança", afirma Cristina. "E eu só pude me tornar mãe da Maria* porque ela tomou essa decisão."

A entrega voluntária de um recém-nascido para adoção, como fez a atriz Karla Castanho, é prevista em lei e não demanda justificativas.

"A família da mãe foi procurada, mas não quis assumir mais uma criança", conta a aposentada Cristina Queiroz, que adotou bebê
"A família da mãe foi procurada, mas não quis assumir mais uma criança", conta a aposentada Cristina Queiroz, que adotou bebê
Foto: Omar Lopez/Unplash

Leia o depoimento de Cristina Queiroz, de 60 anos, aposentada:

"Maria* nasceu prematura, de seis meses, ficou muito tempo internada até que ganhasse peso e pudesse ir para a casa ou para a adoção. A família da mãe foi procurada, mas não quis assumir mais uma criança. Ela era a quarta filha de uma mulher de 26 anos. A mãe era prostituta, morava no local de trabalho, e era usuária de crack. Tanto que, quando a minha filha nasceu, ela tinha síndrome de abstinência, sífilis de contato e HIV (já foi tudo zerado). Eu era família acolhedora e ela veio para o acolhimento.

Não para adoção, eu nem pretendia adotar ninguém, mas para acolhimento. Mas nisso que estavam procurando para ver se havia mais alguém da família para ficar com ela, se passaram dois anos. Ela veio para mim com dez meses e, nessa época, já tinha quase dois anos. Depois de criar a criança por quase dois anos, não ia abrir mão. Falei que eu tinha interesse.

Todo ano, no Dia das Mães, eu falo pra ela: vamos fazer um desenho para a outra mãe? E eu sempre faço um agradecimento, porque se não fosse a entrega dela, eu jamais teria sido mãe de novo (ela já tinha dois filhos biológicos com 20 anos na época). E ela foi uma excelente mãe porque ela fez a entrega voluntária sabendo que seria melhor para a Maria.

É muito difícil julgar a vida das pessoas porque nunca sabemos o que cada um está passando."

*Nome fictício.

Conheça outra história de entrega voluntária aqui.

Estadão
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