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São Paulo registra 66% da chuva prevista para fevereiro

'Mudança climática não é discurso de ambientalista', diz secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente sobre 78 pontos de alagamento

10 fev 2020 - 10h50
(atualizado às 13h08)
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O temporal que atingiu a grande São Paulo na madrugada desta segunda-feira, 10, ultrapassou o recorde do nível de água do rio Pinheiros, marcando 719.6m. Este é o maior valor já registrado desde 2005, quando o rio chegou a 718.9m, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. O órgão afirma que, apenas nesta madrugada, choveu 66% do total esperado para todo o mês de fevereiro.

"Mudança climática não é discurso de ambientalista. Está chovendo nessa década o que não choveu no século passado", afirma Marcos Penido, secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, ao Estado. De acordo com ele, os mais de 78 pontos de alagamento registrado pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climática (CGE) aconteceram porque o volume de chuva ultrapassou o que estava previsto na série histórica de 100 anos, usada para calcular o sistema de drenagem das chuvas. "Tudo foi implantado com essa lógica."

Alagamento na Avenida Ermano Marchetti, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo
Alagamento na Avenida Ermano Marchetti, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo
Foto: André Lucas / ESTADÃO CONTEÚDO

Penido afirma que os sistema de piscinões e drenagem da cidade estão funcionando perfeitamente, assim como o bombeamento dos rios Tietê e Pinheiros. "Senão, o estrago teria sido muito pior", observa, afirmando que eles transbordaram porque "choveu de forma consistente nas quatros regiões da cidade, a noite inteira".

O secretário prevê a manutenção de todo o sistema quando a chuva der trégua, o que, de acordo com o CGE, só deve ocorrer no fim da terça-feira, 11. "Um sistema de drenagem não é algo feito de um dia para o outro. Precisamos achar terreno, fazer cálculos, estudos, projetar e contratar. Isso tudo é investimento, e sabemos como as despesas obrigatórias do estado estão oprimidas".

Segundo a meteorologista da Climatempo, Ana Clara Marques, a frente fria que se formou no sul da América do Sul e subiu para costa paulista, segue em direção ao Rio de Janeiro podendo chegar ao Espírito Santo entre terça e quarta-feira, 12.

"A chuva pode voltar forte várias vezes ao longo desta segunda-feira e também nesta terça-feira. A partir de quarta-feira diminui a intensidade mas ainda tem previsão de chuva forte para São Paulo", disse Ana Clara.

Importantes vias da cidade estão interditadas, como as Marginais Pinheiros e Tietê, em vários trechos, Avenida Braz Leme (zona norte), Avenida Olavo Fontoura (zona norte), Avenida Santos Dummont (região central), Avenida Dr. Gastão Vidigal (zona oeste) e Avenida Dr. Chucri Zaidan (zona oeste).

Bombeiros fazem o resgate de motoristas que estão ilhados, usando botes e remos e também helicópteros. Motoristas que não conseguiram sair a tempo do caminhão subiram no teto para aguardar socorro. Veículos comuns estão submersos. Há locais em que a água subiu quase 3 metros.

O metrô opera normalmente, a linha 8 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) está paralisada, e o rodízio para carros e caminhões está suspenso. A orientação é para que as pessoas não saiam de casa.

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