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Cidades

Roubos e furtos caem em maio em SP; homicídios têm terceira alta consecutiva

Estatísticas foram divulgadas nesta quinta-feira pela Secretaria da Segurança Pública do Estado. Registros refletem tendência do período de quarentena nas cidades paulistas

25 jun 2020 - 20h35
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O Estado de São Paulo voltou a ver uma queda considerável nos registros criminais no mês de maio, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 25, pela Secretaria da Segurança Pública. Os furtos caíram 49%, os roubos tiveram redução de 28,5% e a quantidade de estupros denunciados foi reduzida em 38%, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas pelo terceiro mês consecutivo as vítimas de homicídio subiram.

Os registros de maio repetem a tendência de abril, refletindo o período de quarentena em vigor nas cidades paulistas. O isolamento teve impacto sobretudo nos crimes patrimoniais. O afrouxamento nas políticas de distanciamento social implementadas pelo governo de João Doria (PSDB) foi anunciado no fim de maio e começaram a ser implementadas, em diferentes escalas, no início de junho.

No caso dos roubos, o que inclui os assaltos contra residências, pedestres e comércios, os registros passaram dos 21,3 mil em maio de 2019 para 15,2 mil, em maio de 2020. Nas estatísticas de furtos, a queda no período foi de 46,6 mil casos para 23,7 mil. Em todas as cidades do Estado, 1.992 carros foram roubados, 51% menos que os 4.089 de maio do ano passado.

Na contramão da queda nos crimes patrimoniais, os crimes contra a vida têm apresentado alta. O Estado somou 236 pessoas assassinadas em maio, 5,9% a mais na comparação mensal. As cidades paulistas viram os homicídios aumentarem consecutivamente em março, abril e maio, tendência oposta ao que vinha sendo observado ao longo do ano passado, que teve dez quedas mensais consecutivas no indicador.

A alta dos homicídios foi uma das únicas notadas em meio a 23 indicadores divulgados pela Secretaria da Segurança Pública. O outro crime que aumentou foi o roubo a banco, com três ocorrências no mês passado; em maio de 2019, um caso dessa natureza foi registrado.

Para o secretário executivo da Polícia Militar, o coronel Álvaro Batista Camilo, a terceira alta não representa uma inversão da tendência anterior de queda. "Temos a menor taxa de homicídios do Brasil e estamos trabalhando forte para reduzi-la mais ainda. A oscilação aconteceu em locais diferentes, um mês no interior, outro na Grande São Paulo. Não está aumentando em todo lugar, é um outlier", disse.

Eles diz que os crimes de homicídio no Estado acontecem geralmente por um destes três fatores: disputas ligadas a tráfico de drogas, brigas decorrentes de consumo de álcool ou brigas entre conhecidos, os chamados crimes interpessoais. Ele acredita que a redução dos assassinatos passa pela inteligência policial, mais monitoramento por câmeras e abordagens que tirem armas de fogo de circulação.

Na capital paulista, o padrão estadual se repetiu. Os roubos caíram 22% (de 11,5 mil para 8,9 mil), os furtos foram reduzidos em 55,9% (de 20,4 mil para 9 mil casos) e os estupros tiveram queda de quase 40%: de 199 para 120 registros. Mas as vítimas de homicídio subiram de 50 para 53.

O professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Rafael Alcadipani destacou a importância de se analisar com profundidade os registros dos casos para melhor combatê-los. "Precisa ser estudado por que os homicídios estão aumentando, se tem relação ou não com o crime organizado, se são decorrentes de casos interpessoais. Precisa ir atrás de onde acontece, quais são as variações por distrito", disse nesta quinta.

O Estadão mostrou que a letalidade policial está em alta durante a quarentena, de acordo com dados relativos ao mês de abril. Os registros sobre essas ocorrências em maio devem ser divulgados na próxima semana. O número de "mortes decorrentes de intervenção policial" envolvendo a Polícia Militar subiu 54,6% em abril, mês em que as polícias prenderam menos pessoas, tiraram menos armas ilegais das ruas e até registraram queda no número de ações contra o tráfico.

Ao longo de junho, denúncias de violência policial ganharam repercussão. Imagens mostraram agressões de agentes durante uma ocorrência no Jaçanã, na zona norte da capital, o que resultou na prisão de oito policiais. Nesta semana, um caso em Carapicuíba, onde um homem desmaiou após tomar um golpe mata-leão de um policial, levou ao afastamento dos agentes e ao anúncio, por parte do governo Doria, de um novo treinamento para a cúpula da corporação.

Camilo disse nesta quinta-feira que a secretaria vem fazendo um "trabalho forte de transparência e ações corretivas". "Estamos tomando atitudes para que os casos não aconteçam mais, estamos afastando, prendendo e responsabilizando. Isso mostra o respeito com as vítimas, mas também com os bons policiais, que não compactuam com isso", disse o coronel. "Da mesma forma que a população se choca com determinadas imagens, os policiais também se chocam. Recebi mensagens de policiais dizendo que 'essas pessoas não representam a gente'", contou.

Estadão
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