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RJ: vigília e missa do Papa correm o risco de sofrer apagão na telefonia

Operadoras montam plano conjunto para atender demanda de 1,5 milhão em área rural do Rio de Janeiro

12 abr 2013 - 06h01
(atualizado às 06h09)
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<p>Técnicos das operadoras de telefonia já trabalham no descampado para ampliar a capacidade de rede do local</p>
Técnicos das operadoras de telefonia já trabalham no descampado para ampliar a capacidade de rede do local
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Após rodar por parte do imenso terreno de mais de dois milhões de metros quadrados, que servirá de abrigo para milhares de católicos na vigília e missa campal que o papa Francisco realizará, no dia 28 de julho, no Rio de Janeiro, pela Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um dos técnicos das quatro operadores de telefonia que percorreram o descampado responde da seguinte maneira à pergunta do colega sobre quais as condições do local: "uma m...".

Tendo em vista que são esperados cerca de 1,5 milhão de peregrinos em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, dentro das fazendas Mato Alto e Vila Mar, locais escolhidos pela organização para a vigília dos fiéis (dia 27) e para a própria missa do novo pontífice, no dia seguinte, a JMJ enfrenta um outro desafio que, se não é maior do que a questão da hospedagem e transporte para os católicos do mundo todo, é tão difícil quanto de resolver.

Como estabelecer um sistema eficiente de comunicação num local tido como a "roça" do Rio de Janeiro, onde animais cruzam as ruas (que antes eram de terra, mas agora estão sendo asfaltadas) e a rede de telefonia apresenta diversos pontos cegos? Pior: de que forma ampliar a rede de tráfego e permitir que tanta gente consiga se comunicar, além, claro, de toda a cúpula do Vaticano - isso sem contar as equipes de transmissão do evento?

A reportagem do Terra percorreu o local há uma semana justamente no dia em que os engenheiros das quatro grandes operadoras de telefonia no País (Vivo, Tim, Claro e Oi) estiveram em Guaratiba para um primeiro processo de análise de como será o procedimento de ampliação de capacidade da rede local.

Por mais que as operadoras tenham o número de antenas e de capacidade de telefonia, de uma forma geral, como dado sigiloso, a preocupação fica clara na conversa com dois engenheiros que confirmaram a hipótese de que, sim, é possível que a vigília e a missa do Papa na Jornada Mundial da Juventude, ponto alto do megaevento católico, sofram com um verdadeiro apagão na telefonia.

"Existe esse risco, claro, você depende de um monte de coisas, de redes, antenas de transmissão, é um desafio enorme", admitiu o engenheiro de telecomunicações da Tim, Jayme Salles. Tese corroborada pelo colega de profissão da Telefônica (Vivo), Leonel Castro. "Estamos, todas as operadoras, amadurecendo juntas a ideia de como montar esta estrutura", explicou. "Tecnicamente é viável, mas é preciso um estudo detalhado sobre o local para sabermos como vamos montar este projeto", completou.

De acordo com os engenheiros, as empresas de telefonia vão juntar seus especialistas para montar, individualmente, planos estratégicos para atender à demanda a 1,5 milhão de celulares tentando se comunicar – sem mencionar o tráfego de rede 3G. "Esse é o tamanho do nosso desafio. Temos que dar capacidade para toda essa gente", afirmou Salles.

O estudo não tem prazo para se concluído, mas a questão principal é que o aparato de telefonia será o último passo no processo de organização da estrutura para receber o novo líder da Igreja Católica e seus milhares de seguidores. Antes disso, é preciso que todo o processo de terraplanagem (ainda sem data para o término) e de instalações provisórias esteja concluído. "Só depois a gente entra, de 30 a 15 dias antes do evento", complementou Castro.

Ambos concordam que o evento exige estrutura similar à de grandes eventos, como o Réveillon da praia de Copacabana, que recebe o mesmo número de pessoas, com a diferença que a rede já existente na zona sul do Rio de Janeiro é imensamente superior se comparado com Guaratiba. "São locais diferentes, mas a gente faz o 'filho' nascer", brincou Castro.

Professor do Centro de Estudo de Telecomunicações da PUC-Rio (Cetuc), Glaucio Siqueira, especialista no tema de telefonia móvel e palestrante da tecnologia LTE (4G), explica que, em locais afastados, como é o caso de Guaratiba, "quando acumular uma quantidade de pessoas muito grande nesse ambiente, o número de canais não é capaz, vai saturar rapidamente".

Por mais que o Réveillon de Copacabana e a missa do pontífice sejam em locais distintos em termos de acesso à rede móvel, a solução pode estar no mesmo mecanismo utilizado pela prefeitura do Rio na virada do ano, de acordo com Glaucio Siqueira.

"As operadoras instalam antenas temporárias ao longo da avenida Atlântica, com torres, para poder atender aquela demanda pontual de aumento de tráfego. Aumenta a quantidade de canais disponíveis. Estas estações de rádio-base temporárias podem ser a solução e depois serem retiradas", explicou o professor.

Consultada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Jornada Mundial da Juventude informou que a organização está se reunindo periodicamente para tratar do tema e que o possível apagão não representa nenhum tipo de preocupação imediata. 

Fonte: Terra
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