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Repatriados e militares embarcam para seus Estados após 14 dias de quarentena em Anápolis

Os 58 brasileiros estiveram no epicentro dos casos de coronavírus na China e estão liberados para voltar para suas casas

23 fev 2020 - 11h43
(atualizado às 21h34)
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ANÁPOLIS - As 58 pessoas que eram mantidas em quarentena na Base Aérea de Anápolis foram liberadas neste domingo, 23, após exames confirmarem que eles não foram contaminados pelo coronavírus. Os brasileiros foram resgatados em Wuhan, na China, epicentro dos casos de coronavírus no país asiático, e estavam em confinamento desde o dia 9 de fevereiro. Inicialmente, o prazo estabelecido para que eles saíssem era na quinta-feira, 27.

Do total, 34 eram brasileiros que viviam na China e foram repatriados e 24 eram servidores militares e civis que participaram da Operação Regresso à Pátria Amada Brasil. Eles embarcaram pela manhã nas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) que irão levá-los aos seus Estados de origem.

Uma cerimônia bastante emocionada e alegre marcou o fim da quarentena - que foi possível depois do terceiro exame dar resultado negativo para coronavírus. As amostras foram colhidas na sexta-feira e as análises foram concluídas neste sábado, 22. Os exames foram realizados pelo Laboratório Central do Estado de Goiás e pela Fundação Oswaldo Cruz.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, presente à cerimônia, embarcou no mesmo avião que seguiria com 20 dos repatriados para Brasília. Antes de entrar na aeronave, ele conversou com a imprensa e agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro a decisão de enviar o avião de resgate à China e à cooperação com os ministérios da Saúde e Relações Exteriores. "Temos orgulho do sucesso da operação e alívio com o resultado definitivo e negativo dos exames (para o coronavírus)", disse Azevedo.

Ministro diz que quarentena cumpriu protocolos internacionais

Já em Brasília, o ministro da Defesa afirmou que todos os protocolos nacionais e internacionais determinados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde foram cumpridos para a liberação dos 58 brasileiros.

Inicialmente, estava previsto que a quarentena só terminaria na próxima quinta-feira, 27, quando completariam 18 dias. No entanto, o ministro explicou que antes os resultados dos exames estavam demorando de três a quatro dias para ficarem prontos, por isso foi feita essa previsão inicial. No entanto, disse, os resultados passaram a ser conhecidos em até duas horas. Assim, com a última coleta feita na sexta-feira, quando completaram os 12 dias, e os resultados já disponíveis no sábado, foi possível liberá-los neste domingo.

"O Ministério da Saúde orientou e deixou em condições de a gente liberar os 34 (brasileiros que estavam em Wuhan, na China, e foram resgatados) mais os 24 que acompanharam (tripulação que foi buscá-los) a partir do 14º dia e de todos os quatro exames. Fizemos um exame a mais. Fizemos um na China, um no zero dia (no Brasil), um no sétimo dia e outro no 12º dia. Todos com resultado negativo (para o coronavírus) e dentro do prazo", afirmou o ministro ao desembarcar na Base Aérea de Brasília.

Dois dos repatriados falaram rapidamente com a imprensa enquanto se dirigiam ao avião, ainda em Anápolis. Caleb Guerra, estudante de Literatura de 28 anos, disse que estava muito feliz e mandou um beijo para o pai. A pedido do Estado, durante o confinamento, ele escreveu relatos periódicos sobre a experiência na quarentena e a sua própria história de vida em Wuhan, onde estava havia nove anos.

O estudante de mestrado em recursos humanos, Alefy Rodrigues, de 26 anos, disse que estava muito feliz de voltar para casa, em pleno carnaval, e que foi muito bem tratado durante a quarentena.

A instalação militar foi adaptada para receber o grupo. O clima era de um hotel. Uma brinquedoteca foi montada para entreter os pequenos. Para os adultos, havia internet e uma fanfarra que tocava uma vez ao dia.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que também participou da cerimônia, disse que as autoridades evitaram discursar hoje para não atrasar o regresso das famílias e que os repatriados devem ser recebidos em Brasília pelo presidente Jair Bolsonaro em uma cerimônia ainda a ser marcada.

Caiado afirmou que todo o protocolo de exigência internacional foi cumprido à risca na quarentena até a liberação do grupo. Ele agradeceu a parceria com o governo federal e elogiou o povo goiano pela acolhida aos brasileiros. "Venceu a tese de que a solidariedade venceu o medo. Esse é o maior legado da operação. O goiano é um povo acolhedor que não tem o vírus do preconceito", disse.

Duas aeronaves decolaram da Base Aérea de Anápolis com os repatriados. Uma delas fará o roteiro Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Uma segunda seguirá para Brasília e de lá um outro voo da FAB irá para a Serra do Cachimbo, no Pará, com um passageiro. Outros dois passageiros que desembarcarão em Brasília seguirão em voos comerciais para o Rio Grande do Norte e Maranhão.

Estadão
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