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Cidades

Operação prende 14 suspeitos ligados à exploração imobiliária ilegal na Muzema

A milícia é acusada de ocupação irregular de terrenos, construção, venda e locação de imóveis clandestinos na região, num negócio que movimentou pelo menos R$ 25 milhões

16 jul 2019 - 08h48
(atualizado às 20h45)
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RIO - Pelo menos 14 pessoas foram presas nesta terça-feira, 16, por envolvimento na organização criminosa responsável pela exploração imobiliária ilegal na região da Muzema, na zona oeste do Rio. A milícia é acusada de ocupação irregular de terrenos, construção, venda e locação de imóveis clandestinos na região, num negócio que movimentou pelo menos R$ 25 milhões nos últimos cinco anos. Em abril deste ano, dois prédios irregulares desabaram, matando 24 pessoas.

A operação do Ministério Público e da Polícia Civil deflagrada na manhã desta terça buscava cumprir 17 mandados de prisão e outros de busca e apreensão. Foram denunciadas à Justiça 27 pessoas, entre elas uma funcionária pública que facilitava a legalização de imóveis irregulares depois da construção. São dezenas de prédios, salas comerciais, lojas e até um shopping center construídos e explorados irregularmente pela milícia.

"A organização criminosa dirige sua atividade para a edificação de prédios destinados à habitação de milhares de pessoas, sem qualquer espécie de controle ou garantia acerca da higidez das obras e construções", sustenta a denúncia. "Nesta toada, vale lembrar a tragédia ocorrida em 12 de abril de 2019, na qual dois edifícios irregulares desmoronaram na região, levando abaixo 24 vidas em seus escombros."

Entre os presos estão Bruno Pupe Cancella e Lonardo Igrejas Esteves Borges. De acordo com as investigações, Bruno era um empreendedor e teria movimentado R$ 25 milhões desde 2014. Ele foi preso em casa, um apartamento no bairro do Anil, na zona oeste. Leonardo Igrejas atuava como uma espécie de financiador das construções irregulares. Ele também foi preso em casa, em um condomínio em frente à praia da Barra da Tijuca, também na zona oeste.

Outro preso foi Manuel Henrique da Silva Júnior. Na casa dele, a polícia encontrou um cheque de R$ 1 milhão e mais R$ 50 mil em espécie. Além disso, foram achadas diversas armas e munições. Ele era administrador da empresa Manuel Containers e seria um dos empreendedores no negócio da construção ilegal de imóveis.

De acordo com o MP, a organização criminosa se estruturava em três núcleos básicos: o dos empreendedores, que ocupava terrenos, desmatava e construía irregularmente; o dos investidores, empresários que capitalizavam os empreendedores; e os corretores, que negociavam os imóveis.

Também foi pedida a prisão da servidora pública Letícia Cancella, mulher de Bruno Cancella, mas não foi concedida pela Justiça. Segundo o MP, ela se aproveitava do fato de ser funcionária pública, lotada na Secretaria Municipal de Fazenda, para emitir pareceres que ajudavam na legalização das construções irregulares. Ela também acessava cadastros.

As investigações apuraram a prática de crimes ambientais (por conta do desmatamento de áreas de proteção da Mata Atlântica), extração clandestina de recursos minerais, loteamento irregular, venda de terrenos e construção ilegal de imóveis.

"Seria muita ingenuidade pensar que a operação de hoje resolve o problema", afirmou Plínio Vinícius D'Ávila de Araujo, subcoordenador do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (Gaema) do MP. "A cidade cresce de forma desordenada, sem equipamento urbano, sem segurança, expondo ao risco milhares de pessoas."

A Prefeitura informou que está colaborando com as investigações. Até o momento da publicação desta reportagem, não havia sido possível contatar os advogados de defesa dos presos.

Estadão
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