PUBLICIDADE

Cidades

No 1º dia útil de reabertura em SP, restaurantes e bares veem menos da metade dos clientes de volta

Comparação é com o início de março, quando comércio e serviços não essenciais foram fechados pelo governo estadual para frear a covid-19;

26 abr 2021 - 19h27
(atualizado às 20h45)
Compartilhar
Exibir comentários

O primeiro dia útil de reabertura de restaurantes, lanchonetes e bares com atendimento presencial foi marcado por um retorno lento dos clientes. Entidades do setor calculam que a demanda nesta segunda-feira, 26, ficou entre 30% e 40% do que era no início de março, quando os estabelecimentos puderam abrir as portas pela última vez.

Foram 50 dias de fechamento. Bares e restaurantes estavam com cadeados nas portas desde o dia 6 de março (o delivery estava liberado), quando o governo estadual regrediu todo o estado da fase laranja para a fase vermelha do plano de flexibilização econômica da quarentena em meio ao combate à pandemia.

Com a leve queda na taxa de internações pela covid-19 no Estado - a ocupação dos leitos de UTIs esteve abaixo de 80% na Grande de São Paulo na última semana, o que não acontecia desde fevereiro -, as medidas de restrição começaram a afrouxar. Foi o início da chamada "fase transitória", situada entre as fases vermelha e laranja do plano de abertura do governo estadual. Especialistas, porém, temem nova alta de infecções e pressão sobre os hospitais.

No dia 18, o atendimento presencial foi permitido em shoppings, lojas de rua e atividades religiosas coletivas, com restrição de horários. No sábado, 24, foi a vez dos restaurantes, salões de beleza, cinemas, teatros, museus, academias, clubes e parques retomarem suas atividades, também com restrições. A fase intermediária vai se estender até 1º de maio, quando o governo estadual irá avaliar os resultados das medidas.

O primeiro fim de semana de reabertura de restaurantes e bares, aqueles que servem refeições, teve pontos de aglomeração e desrespeito ao uso de máscara. Entre a noite de sexta e a manhã de domingo, as blitze do Estado flagraram 569 aglomerações. O Estadão mostrou que os principais bares da rua Aspicuelta (região oeste) e da avenida Luiz Dumont Villares (norte) atingiram rapidamente a ocupação máxima permitida de 25%. Alguns locais tiveram filas e aglomerações do lado de fora. Outros locais - como o Parque do Ibirapuera, a Paulista e o Aquário - também tiveram movimento intenso.

Nesta segunda, as comandas saíram num ritmo inferior nos estabelecimentos. Restaurantes de várias regiões da cidade relataram demanda que oscilou entre 30% e 50% do último período de abertura, em março. Foi o caso da Lanchonete Brasil 2000, na rua Bresser, no Brás. Aqui pesou a limitação de 25% dos lugares imposta pelo plano de retomada.

O Santo Dica, em Pinheiros, zona oeste, alcançou na hora do almoço 50% do total de frequentadores do mês passado. Ao todo, foram 79 pessoas atendidas presencialmente. Em dias normais, o total ultrapassa 200. No delivery, foram mais 248 pedidos. "Algumas pessoas estão receosas e ainda preferem comer em casa", afirma o proprietário Denis Nery. Para atrair clientes, ele começou a expor os cinco pratos do dia logo na entrada do endereço da rua Capote Valente. A estratégia vai se repetir nos próximos dias - por enquanto, o buffet self service não está aberto.

O bom movimento do final de semana traz certo otimismo para o empresário Humberto Munhoz. Mesmo que o movimento desta segunda-feira tenha ficado aquém do início de março. "Alcançamos 30% ou 40% da abertura anterior, mas acredito que vai melhorar", diz o sócio de três estabelecimentos em São Paulo, entre eles, a Ventana Bar & Café, na zona oeste.

De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o faturamento dos estabelecimentos neste momento não deve chegar a 25% do que se arrecadava antes da pandemia. "Este é apenas o primeiro passo", avalia Joaquim Almeida, presidente da entidade. "A retomada será lenta. Não vamos conseguir neste momento um movimento que seja 60% ou 80% do que era", prevê.

Praças de alimentação

As lojas e shoppings iniciaram essa retomada na semana passada, com horário de funcionamento restrito, entre 11h e 19h. Neste fim de semana, alguns centros comerciais receberam grande número de visitantes, a exemplo do que havia acontecido uma semana atrás. "Neste fim de semana, pudemos observar que existe sim uma demanda reprimida, mas não chegamos a ultrapassar o número limite de pessoas simultaneamente e não precisamos restringir a entrada das pessoas aos empreendimentos", explica Guilherme Marini, diretor executivo dos Shoppings Center Norte e Lar Center.

A reabertura dos restaurantes tem impacto direto nesses estabelecimentos. De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), as praças de alimentação representam entre 25% e 30% dos negócios de um shopping. "Todas as atividades de um shopping têm de funcionar simultaneamente. Tivemos uma semana de razoável para boa, que ficou dentro das expectativas. Com as praças, nossa expectativa é que a retomada será ainda mais importante", diz Nabil Sahyoun, presidente da entidade.

Algumas redes identificam o aumento da procura pelos restaurantes paralelamente às compras por delivery. "O fim de semana mostrou que houve fluxo nos shoppings e que muita gente estava com saudades da experiência nos restaurantes. Foi possível notar uma retomada do movimento - principalmente na cidade de São Paulo - e uma tendência de aumento gradual deste movimento conforme as pessoas se sintam mais confiantes. Ao mesmo tempo, não houve queda no serviço de delivery e, portanto, ainda há grande força neste canal", informou a Bloomin' Brands, grupo detentor das marcas Outback Steakhouse, Abbraccio e Aussie Grill.

Os lojistas buscam agora a ampliação do horário de funcionamento dos shoppings para 12 horas. O objetivo é atrair os consumidores às compras para o Dia das Mães, a segunda data comercial mais importante do ano, atrás apenas do Natal.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade