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MP envolve mais 4 pessoas na adulteração de leite no RS

Segundo as investigações, o grupo integra o núcleo baseado no município de Rondinha, alvo da segunda etapa da operação

13 jun 2013 - 12h25
(atualizado às 12h35)
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Mais quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul por suspeita de envolvimento no esquema de adulteração de leite, revelado na Operação Leite Compen$ado, deflagrada em maio. Segundo o órgão, três deles foram denunciados sete vezes pelo crime de adulteração ou falsificação de produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo. A quarta pessoa foi denunciada por formação de quadrilha, crime pelo qual os quatro devem responder.

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Segundo as investigações, o grupo integra o núcleo baseado no município de Rondinha, alvo da segunda etapa da operação. Na cidade, 11 laudos do Ministério da Agricultura, feitos entre fevereiro e maio, confirmaram a presença de formol no leite cru, somando um total de 113 mil litros impróprios para o consumo.

Em nota, o MP informou que, entre os denunciados, estão um sócio proprietário de empresa de transporte de leite de Rondinha, um motorista contratado por ele, um técnico e uma funcionária de uma cooperativa paranaense. As investigações indicam que os dois primeiros eram os responsáveis pelo esquema de adulteração do leite cru e que a funcionária da cooperativa dava suporte e apoio logístico ao esquema, inclusive alertando os motoristas dos caminhões sobre fiscalizações do Ministério da Agricultura.

Operação Leite Compen$ado prende mais quatro pessoas:

Por ter colaborado com as investigações, entregando de forma espontânea as notas fiscais que comprovam as operações de venda do leite adulterado por ele, o proprietário da empresa de transporte deve receber o benefício da delação premiada, requerido pelo MPRS à Justiça. Além disso, o Ministério Público informou que o técnico, detido no presídio de Espumoso (RS), e a funcionária da cooperativa, já haviam sido denunciados pelos mesmos crimes na Comarca de Ibirubá, durante a primeira fase da Operação Leite Compensado.

O órgão estima que, entre 23 de janeiro e 30 de abril deste ano, aproximadamente 1 milhão e 549 mil litros do produto fraudado foram enviados à cooperativa, com sede em Pato Branco, no Paraná. Até agora, 20 pessoas foram denunciadas por suspeita de envolvimento no esquema.

A operação

As investigações do Ministério Público começaram em fevereiro deste ano e comprovaram que empresas gaúchas de transporte de leite adulteraram o leite cru entregue para a indústria. Uma das fraudes identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição. A adulteração consiste no crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal. 

A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 

A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. 

O total de leite movimentado pelo grupo, no período de um ano, chega a 100 milhões de litros. Mais de 100 toneladas de ureia foram compradas pelos envolvidos para utilização na prática criminosa.

A Operação Leite Compen$ado foi deflagrada no dia 8 de maio e desarticulou o esquema de adulteração de leite. A investigação mapeou que a fraude não estava sendo praticada pela indústria nem pelo produtor de leite, mas pelo transportador. 

Nove pessoas foram presas. Durante o cumprimento dos 13 mandados de busca e apreensão, foram recolhidos diversos caminhões utilizados no transporte do leite, cerca de 60 sacos de ureia, R$ 100 mil em dinheiro, uma régua com a fórmula utilizada para medir a mistura adicionada ao leite, revólveres e pistolas, soda cáustica, corantes, coagulantes líquidos e emulsão para obtenção de consistência, entre outros produtos e documentos. Até o momento, a Justiça aceitou a denúncia contra 13 envolvidos. 

Confira as marcas que apresentaram adulteração por formol conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Mapa:

MARCA LOTE
Italac Integral L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1 

Italac Semidesnatado
L12KM1
Líder UHT Integral TAP1MB (produzido em 17/12/2012 e com validade até 17/04/2013)
Mu-Mu UHT Integral 3ARC
Latvida UHT Semidesnatado Lote 190, de 2 de abril de 2013; 
Lote 193, de 5 de abril de 2013;
Lote 103, de 18 de abril de 2013 
Só Milk e Latvida UHT Desnatado Lote 188, de 4 de abril de 2013;
Lote 198, de 10 de abril de 2013;
Lote 202, de 11 de abril de 2013;
Lote 104, de 15 de abril de 2013;
e leite com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013
Hollmann, Goolac, Só Milk e Latvida UHT Integral Lote 103, de 1º de abril de 2013;
Lote 184, de 3 de abril de 2013;
Lote 189, de 4 de abril de 2013;
Lote 190, de 5 de abril de 2013;
Lote 196, de 9 de abril de 2013;
Lote 200, de 10 de abril de 2013;
Lote 201, de 19 de abril de 2013;
Lote 202, de 20 de abril de 2013;
Lote 204, de 21 de abril de 2013;
Lote 205, de 22 de abril de 2013
Agência Brasil Agência Brasil
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