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Homem de diálogo, Paulo VI concluiu Concílio Vaticano II

Papa italiano encorajou ecumenismo e apoiou as teses de Medelín, mas manteve a doutrina da Igreja tradicional

13 out 2018 - 17h44
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Dos três papas canonizados após o Concílio Vaticano II - João XXIII e João Paulo II, em 2014, e agora Paulo VI -, este último foi o que tinha temperamento mais discreto e era o intelectualmente mais preparado.

Filho de uma família de classe média alta, com traços de nobreza de parte da mãe, nasceu em 1897 na cidadezinha de Concesio, perto de Brescia, na Itália, e recebeu no batismo o nome de Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini. Era de saúde frágil, tanto que, ao se matricular no seminário em 1916, foi autorizado a morar em casa.

Enviado a Varsóvia como adido na Nunciatura Apostólica em 1923, três anos após a ordenação sacerdotal, foi chamado a Roma porque não suportou o inverno polonês. Formado em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana, foi professor na Accademia dei Nobili Ecclesiastici e funcionário da Secretaria de Estado, onde trabalhou por 30 anos.

Em 1937, Montini foi nomeado substituto para Assuntos Comuns, sob o então secretário de Estado, cardeal Eugenio Pacelli. Foi reconfirmado no cargo, em 1939, quando Pacelli foi eleito papa com o nome de Pio XII. Era um colaborador eficiente e muito próximo do papa, que em 1954 o nomeou arcebispo de Milão. João XXIII lhe deu o título de cardeal em 1958. No conclave de 1963, sucedeu a João XXIII e escolheu o nome de Paulo. Reabriu o Concílio, que havia sido fechado com a morte de João XXIII prometeu levar adiante as reformas propostas para renovação da Igreja.

Em 1968, abriu a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, na Colômbia. Seguiu uma linha conciliadora entre as expectativas conflitantes dos vários grupos, na interpretação e implementação de documentos revolucionários. Foi um papa de pulso forte, apesar da aparência de fragilidade.

Diálogo. Paulo VI foi também um homem de diálogo. Quando era arcebispo de Milão, aproximou-se dos trabalhadores e da Democracia Cristã, de Aldo Moro, de quem foi amigo. Pregava a doutrina social da Igreja, base de sua encíclica Populo rum Progressio, sobre o desenvolvimento dos povos, de 1967, e da carta apostólica Octogesima Adveniens, de 1971, no octogésimo aniversário da Rerum Novarum, de Leão XIII. Outros documentos importantes foram as encíclicas Sacerdotalis Caelibatus, de 1967, sobre o celibato dos padres, e a Humanae Vitae, de 1968, sobre o uso de métodos anticoncepcionais e aborto. Dois documentos polêmicos, porque havia expectativa de abertura, mas Paulo VI manteve a doutrina tradicional.

Beatos nasceram do século 19

Entre os cinco beatos proclamados santos hoje estão dois sacerdotes italianos (Francesco Spinelli e Vincenzo Romano), duas freiras (a alemã Maria Catarina Kasper e a espanhola Nazaria Inácia de Santa Teresa de Jesus) e um leigo, o operário italiano Nunzio Sulprizio. Todos eles nasceram no século 19. Entre eles destaca-se a freira espanhola Nazaria Inácia, que nasceu em Madri em 1889 e viveu grande parte da vida como missionária na Argentina, Bolívia e Uruguai. De passagem pela Espanha em 1936, foi presa durante a Guerra Civil e deportada para o México. Morreu em Buenos Aires em 1943.

Estadão
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