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Estudante que esperava ônibus morre ao ser atingido por bala perdida

Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, aguardava transporte em um ponto com uma amiga na Tijuca quando um tiroteio começou

9 ago 2019 - 11h53
(atualizado às 13h08)
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RIO E SÃO PAULO - Um estudante foi morto por um tiro no peito enquanto esperava o ônibus para ir para a escola, na manhã desta sexta-feira, 9, em um ponto da Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, uma das principais vias da zona norte do Rio de Janeiro. Moradores da comunidade interromperam o trânsito no local e fizeram um protesto.

Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital São Francisco da Providência de Deus, mas não resistiu. Ele era morador do Morro do Borel e cursava o terceiro ano do ensino médio no Colégio Estadual Herbert de Souza, no Rio Comprido, bairro vizinho.

O jovem estava com uma amiga no ponto de ônibus, por volta das 6h30, quando o tiroteio começou.

"Na hora que foram abaixar para se esconder dos tiros, ele já colocou a mão no peito. Ela achou que ele estivesse brincando, pediu para ele parar, mas ele disse que era sério e caiu", contou a prima do jovem Natanna Souza, de 29 anos, na porta do hospital.

Moradores da comunidade contaram que uma operação policial no Borel estava em andamento desde a madrugada. A Polícia Militar negou.

"Uma das bases da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Borel foi atacada por criminosos na manhã desta sexta-feira", informou a polícia, em nota oficial. "Não houve revide por parte dos policiais da UPP e não há policiais feridos em decorrência da situação."

Alves era jogador de futsal do Olaria Atlético Clube, que foi campeão carioca na última competição. A Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro (FFSERJ) lamentou a morte do jovem e transmitiu os sentimentos aos familiares, amigos e colegas.

A Polícia Civil esteve no local para realizar perícia. A investigação está a cargo da Delegacia de Homicídios.

Vítimas de bala perdida perdida no Rio

De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, somente neste ano foram registradas 110 vítimas de bala perdida na região metropolitana do Rio; 31 delas morreram. No mesmo período do ano passado, foram 124 vítimas. Mas o número de mortes foi menor: 24.

A deputada estadual Monica Francisco (PSOL) está no local desde cedo. Nascida e criada no Borel, a deputada é amiga da família do jovem morto e criticou a atual política de segurança do governador Wilson Witzel (PSC), que chamou de "política de morte" e "terrorismo de Estado".

A parlamentar questionou a realização de operações policiais durante o horário de grande movimento nas comunidades, assegurando que isso só contribui para o aumento da violência.

"Mais uma mãe que perdeu seu filho, mais uma família negra enlutada, mais um número para a estatística do Rio, que vem celebrando a diminuição da violência", afirmou a deputada. "Diminuição da violência para quem? Isso é terrorismo de Estado, não vamos parar de denunciar."

Estadão
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