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Cidades

Ensino a distância muda relação com aulas e interrompe sonho de intercâmbio

Aluna de Direito teve dificuldade com novo modelo de classes; já dentista decidiu voltar para a universidade

27 out 2020 - 18h01
(atualizado às 18h29)
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A pandemia também tem afetado de formas distintas quem estuda. O mergulho brusco no ensino a distância trouxe prejuízos para parte dos graduandos e pós-graduandos. É o caso da estudante de Direito Julia Faccioli, de 20 anos, que chegou a anunciar no YouTube que trancaria a "faculdade dos sonhos". De Petrolina (PE), ela mudou de ideia ao perceber que a pandemia se arrastaria por mais do que alguns meses.

"Não estava tendo o rendimento de antes. Conversei com meu pai e ele deixou nas minhas mãos. Fiquei uns dois meses pensando, mas decidi tentar continuar. Até agora está sendo mais ou menos; consigo me esforçar mais em duas (disciplinas)", justifica.

Por conta da pandemia, Julia pausou o plano de procurar estágio, o curso de inglês e a viagem de intercâmbio no Canadá. Ela continua saindo de casa diariamente para trabalhar e diz tomar uma série de medidas para evitar expor o irmão, que é do grupo de risco da covid-19. "Ando com álcool para cima e para baixo. O meu pai brinca 'minha filha, o corona chega nem perto de você'."

Já a dentista Júlia Mulder, de 26 anos, viveu experiência distinta: decidiu voltar à vida acadêmica. Ela tinha conseguido uma "renda bacana" e trabalhava em duas clínicas odontológicas, quando foi dispensada por causa da pandemia. No início, passou três meses com a mãe. Também focou os atendimentos em domicílio para tratamento de pacientes com DTM (dores na mandíbula, frequentemente associadas a tensão). "Já tinha minhas dúvidas em ficar clinicando pelo resto da vida."

Júlia procurou, então, uma professora da graduação que a convidou para fazer uma seleção de mestrado, que, no fim, acabou virando um doutorado, iniciado em agosto. "Financeiramente, não sei como vai ser, ainda mais com o corte de bolsas do governo. Com o EAD, consegui antecipar muita matéria."

Para dar uma "relaxada no mental", ela sai, às vezes, com o namorado para tomar um solzinho em uma praça, longe de aglomerações. "Enquanto estava na minha mãe, estava paranóica, seguindo todos os protocolos, entrava pelada em casa, ia direto para o banho, lavava debaixo de cada unha."

Estadão
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