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Jogos de Paris

Do ouro ao latão: descaso atinge bairro do Engenho de Dentro

18 ago 2017 - 11h36
(atualizado às 11h39)
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Em 18 de agosto de 2016, Usain Bolt ganhava com folga mais uma medalha olímpica – nos 200m rasos – e fazia tremer o Engenhão. A saga do jamaicano eternizou o bairro do Engenho de Dentro, na zona norte do Rio, como referência mundial do esporte. Orgulho dos moradores, o estádio é um oásis na localidade. Em torno dele há problemas crônicos que se arrastam há décadas e sucumbem a cada promessa vazia de políticos e demais autoridades públicas.

Moradores dependem de um tanque coletivo, que nem sempre tem água, para lavar roupa.
Moradores dependem de um tanque coletivo, que nem sempre tem água, para lavar roupa.
Foto: André Luís Bezerra da Silva
Moradores reclamam da falta de água no bairro do Engenho de Dentro.
Moradores reclamam da falta de água no bairro do Engenho de Dentro.
Foto: André Luís Bezerra da Silva

O Terra fez no ano passado uma série de reportagens sobre o entorno do Engenhão. Durante os últimos anos, o então prefeito do Rio, Eduardo Paes, havia garantido que todo o bairro seria bastante beneficiado com a Olimpíada. Quem mora ali e acreditou no discurso continua até hoje à espera das melhorias.

Basta atravessar a linha do trem, colada ao estádio, para se constatar que nada mudou em 12 meses. Na única comunidade do Engenho de Dentro, chamada de Camarista Méier, a menos de três quilômetros da pista de atletismo que recebeu Usain Bolt, a falta de água permanece crônica e sem solução.

“É todo dia a mesma coisa. Nunca tivemos aqui água potável, uma vergonha”, lamenta Carlos Alberto Policeno, morador antigo da Camarista. Assim como seus vizinhos, ele ouviu de vereadores da cidade e de representantes da prefeitura que a Olimpíada no Rio acabaria com o problema no bairro.

Carlos Alberto Policeno. Morador do Engenho de Dentro (comunidade Camarista Méier) sem água potável.
Carlos Alberto Policeno. Morador do Engenho de Dentro (comunidade Camarista Méier) sem água potável.
Foto: André Luís Bezerra da Silva

“É de chorar. A gente mostra, reclama, protesta, denuncia e ninguém se responsabiliza. Existe a falta de água e também a questão do esgoto a céu aberto, passando ao lado das casas. É emergencial, estamos falando de saúde pública, de dignidade da vida humana e nada acontece”, desabafa o repórter fotográfico André Luís Bezerra da Silva, que mora no bairro há muitos anos e costuma registrar o dia a dia da região.

Moradores dependem de um tanque coletivo, que nem sempre tem água, para lavar roupa.
Moradores dependem de um tanque coletivo, que nem sempre tem água, para lavar roupa.
Foto: André Luís Bezerra da Silva

A ausência de coleta de lixo sistemática também atinge quem mora em algumas ruas do Engenho de Dentro – notadamente no lado ‘B’ do bairro, o que mais afastado do Engenhão, separado pela estação ferroviária. Apesar da omissão pública, André afirma que não vai desistir. “Se eu pudesse, eu trazia o Usain Bolt pra ele ver a vergonha que é isso aqui. Tenho certeza que ela ia botar a toca no trombone.”

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Fonte: Especial para Terra
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