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Com temperaturas negativas, morador de rua morre em Curitiba

Vítima tinha 41 anos e foi encontrada por amigos na Praça Tiradentes, no dia em que a cidade registrou -1,3°C

19 jul 2017 - 18h43
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Geada no Jardim Botânico de Curitiba (PR)
Geada no Jardim Botânico de Curitiba (PR)
Foto: Rodrigo Félix Leal / Futura Press

Um homem de 41 anos morreu na Praça Tiradentes, no centro de Curitiba, nessa terça-feira (18), dia em que a cidade chegou a registrar -1,3°C, a temperatura mais baixa de 2017. De acordo com o prefeito Rafael Greca (PMN), a vítima recusou ser acolhida pela Fundação de Ação Social (FAS), órgão ligado à prefeitura, "por  estar fortemente drogada e alcoolizada". A FAS informou que aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para verificar a causa do óbito.

Ainda conforme a administração municipal, Adilson José Juk era atendido pela FAS desde 2003 e foi encontrado sem vida por colegas, que dormiam na mesma região. A Polícia Militar (PM) e a entidade de assistência fizeram o primeiro atendimento e, após a constatação da morte pela equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o corpo foi encaminhado ao IML. "Não queremos perder ninguém por abandono, mas as forças do mal insistem no 'direito' de permanecer na rua", escreveu Greca, em sua conta no Facebook, usando a hashtag "Curitiba Gelada".

Também de acordo com a prefeitura, amigos de Juk relataram que ele havia sofrido duas convulsões nos últimos dias. O homem era atendido pelo “Consultório na Rua” e, prossegue a FAS, sempre descartava atendimento e acolhimento. A vítima também fez tratamento para dependência química. Hoje, a capital paranaense voltou a amanhecer a 0°C, graças à persistência da atuação da massa de ar polar, que traz ar frio e seco ao Paraná. Segundo o Instituto Simepar, a máxima chegou à casa dos 12ºC, no meio da tarde. A mínima foi abaixo de zero: -1,3°C durante a madrugada.

Geada no Jardim Botânico de Curitiba (PR)
Geada no Jardim Botânico de Curitiba (PR)
Foto: Rodrigo Félix Leal / Futura Press

Números

Das 19 horas de terça-feira (18) às 7 horas dessa quarta-feira (19), a Prefeitura de Curitiba recebeu 195 pedidos de atendimento a pessoas em situação de rua. As solicitações foram feitas à Central 156, que recebe ocorrências de diferentes naturezas. A expectativa é de que o número aumente, já que equipes percorreram as regionais da cidade fazendo a busca ativa de homens e mulheres. A FAS disse que o relatório destes atendimentos será fechado nas próximas horas.

Para a ação emergencial, realizada sempre que a temperatura chega a 7°C, a fundação contou com 11 equipes de abordagem social, com 33 assistentes e educadores sociais e apoio técnico. Houve um reforço de duas equipes às 24 horas, em função da demanda. Na noite passada, de acordo com a entidade, 58 pessoas recusaram encaminhamento aos abrigos e permaneceram no local e 57 aceitaram acolhimento. Além disso, 68 não estavam no lugar apontado pelo cidadão que ligou ao 156.

Houve também um retorno para a família e um adolescente foi reencaminhado à unidade social onde já era atendido. Às 4 horas, diz a FAS, 95% das 900 vagas oferecidas para pernoite estavam ocupadas. “Mandei ampliar em 50 leitos as 800 vagas que tínhamos até ontem. Não queremos perder ninguém por abandono, contra nós a ideologia perversa do (falso) direito de ficar na rua adversa e gelada”, completou Greca.

Geada no Jardim Botânico de Curitiba (PR)
Geada no Jardim Botânico de Curitiba (PR)
Foto: Rodrigo Félix Leal / Futura Press

Campanha

Em virtude das baixas temperaturas, um grupo encabeçado pelo Fórum Popular de Mulheres resolveu se mobilizar nas redes sociais,  para arrecadar roupas de inverno e distribuir a pessoas em situação de rua. O primeiro mutirão acontece na noite de hoje, na Praça Tiradentes. Há diversos pontos de coleta distribuídos pela cidade. Mais informações podem ser obtidas no evento: https://www.facebook.com/events/560843750706608

Fonte: Especial para Terra
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