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Chuvas em MG causam mais 10 mortes em um dia; total chega a 19

Carro foi soterrado em Brumadinho, atingindo 5 da mesma família; risco de rompimento de barragens também preocupa

11 jan 2022 - 13h16
(atualizado às 18h02)
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A Defesa Civil de Minas Gerais registrou, em apenas 24 horas, mais dez mortes em decorrência das chuvas que atingem o Estado. No total, 19 morreram em deslizamentos e enchentes desde o início do período chuvoso. Pelo menos três vítimas são crianças. A previsão para o Estado é de chuvas intensas nesta terça-feira, 11. Moradores temem o rompimento de barragens e bombeiros fazem alertas para que pessoas em área de risco deixem suas casas.

Entre as 19 mortes registradas em Minas, cinco foram contabilizadas na noite desta segunda-feira, 10, depois que um carro foi encontrado soterrado em Brumadinho, na região metropolitana. O veículo pertencia a uma família, que viajava de Paula Cândido, no interior, em direção ao Aeroporto de Confins. Três adultos e duas crianças não resistiram.

A família estava desaparecida desde sábado. Eles tentavam voltar das férias para Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, onde moravam. Henrique Alexandrino, de 41 anos, Deisy Lúcia Alexandrino, de 40, e os filhos do casal Vitor, de 6, e Ana, de 3, foram encontrados mortos. Também morreu Geovane Vieira, de 42 anos, integrante da família.

Na madrugada de segunda-feira, o desabamento do muro de uma casa deixou uma criança de 10 anos soterrada em São Gonçalo do Rio Abaixo, no interior. Em Ervália, também no interior, um deslizameno de terra atrás de um bar causou a morte de um jovem de 20 anos.

Já em Caratinga, um veículo foi arrastado pela enchente quando tentava atravessar uma ponte sobre um rio - uma pessoa conseguiu nadar até a margem, mas o motorista do veículo, de 41 anos, não resistiu. Na mesma cidade, foi registrada a morte de um homem de 28 anos vítima de um deslizamento de encosta.

Na tarde desta terça-feira, dois escaladores que estavam em um morro na Serra do Cipó, na região Sudeste do Estado, foram atingidos por um raio. Um deles não resistiu, segundo informações do Corpo de Bombeiros. O outro foi socorrido em estado grave. A identidade e idade das vítimas não foi informada pela corporação.

As mortes em Capitólio, após a queda de um bloco de pedra sobre turistas, não serão contabilizadas no balanço das chuvas feito pela Defesa Civil até que sejam concluídas as investigações.

No total, 145 municípios estão em situação de emergência e 13,7 mil pessoas estão desalojadas.

Cidades ficam ilhadas

O temporal também deixa cidades ilhadas. Balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas Gerais indica que 118 estradas e rodovias tinham interdições parciais ou totais no fim da tarde desta terça-feira, 11. A maior parte dos bloqueios está na região central do Estado. A Polícia Militar Rodoviária recomenda que apenas sejam feitas viagens em casos de extrema necessidade.

Na BR 262, por exemplo, que liga Minas ao Espírito Santo, a pista foi completamente interditada na altura do município de Córrego Danta, no centro-oeste mineiro, por causa da erosão provocada pelas chuvas. Já na BR 381, que liga Belo Horizonte a São Paulo, parte da pista cedeu na altura de Brumadinho. O trânsito no sentido da capital mineira flui em pista simples.

Morador do distrito de São João, em Pará de Minas, Wanderley Oliveira, de 37 anos, diz que as estradas para sair do local estão fechadas e só é possível se deslocar a pé ou a cavalo. "Se alguém passar mal, não tem como sair daqui." O município fica a 85 quilômetros da capital mineira.

Rompimento de barragens preocupa

No domingo à noite, a comunidade em Pará de Minas foi alertada sobre o risco de rompimento de uma barragem que encheu por causa das chuvas - famílias na rota da inundação foram retiradas de suas casas.

O aumento do volume de água também forçou a abertura de comportas de uma central hidrelétrica. Segundo a Companhia Energética de Minas Gedrais (Cemig), foi preciso elevar a quantidade de água que sai da Pequena Central Hidrelétrica Cajuru, no Rio Pará. Com isso, famílias em áreas de risco em Divinópolis e Carmo do Cajuru, na região oeste, foram orientadas a deixar suas casas.

"Já está entrando mais de 500 metros cúbicos por segundo de água dentro da nossa barragem. Vai existir inundação nas partes mais baixas do nosso município", explicou o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela (PSB). Ele disse ainda que a barragem sobe 4 centímetros por hora. E que a situação obriga a retirada de moradores das partes mais baixas da cidade.

No sábado, o transbordamento de um dique em Nova Lima, na região metropolitana, causou a interdição da BR 040, que liga Belo Horizonte ao Rio. A Vallourec, empresa responsável pelo dique, foi multada em R$ 288 milhões por causa dos danos ambientais.

O governo de Minas e o Ministério Público Estadual notificaram nesta terça-feira, 11, as mineradoras responsáveis por 31 barragens de rejeito que estão em algum nível de emergência no Estado. As empresas terão 24 horas para informar sobre a segurança das estruturas e terão de apresentar dados de pluviosidade média que incidiu na barragem, plano para o período chuvoso, entre outras informações.

O medo de rompimento das estruturas, como ocorreu em Marina e Brumadinho, tem tirado o sono de moradores que estão na rota de inundação dos reservatórios espalhados pelo Estado. Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) indicam que três estruturas em Minas, nos municípios de Nova Lima, Ouro Preto e Barão de Cocais, estão em risco máximo.

Chuva continua em Minas Gerais

As chuvas devem continuar a atingir o Estado nesta quarta-feira. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) calcula que de sábado a segunda-feira, 10, Minas registrou totais diários de chuva superiores a 100 mm em várias localidades da região metropolitana de Belo Horizonte, Central, Oeste, Rio Doce e Zona da Mata. O total acumulado nos primeiros dez dias de janeiro passa de 400 mm em algumas localidades.

Estadão
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