Catador passa 6 horas soterrado até o nariz em lixão em MS
Um catador foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros após cair em uma área de chorume no lixão de Campo Grande (MS). Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), que divulgou o caso nesta sexta-feira, o trabalhador passou cerca de seis horas soterrado pelo lixo até a altura do nariz, até que o desligamento de máquinas que trabalhavam perto do local permitisse que um operador ouvisse seus gritos de socorro.
O acidente ocorreu na quarta-feira e o caso chegou ao MPT no dia seguinte, durante vistoria para verificar se a prefeitura havia implementado medidas emergenciais de segurança previamente acordadas. Segundo relato do procurador do trabalho Paulo Douglas Almeida de Moraes, que fez a vistoria, o catador disse que caiu no chorume às 9h de quarta-feira, mas foi encontrado soterrado apenas às 15h, "graças a um capricho do destino", pois a máquina que trabalhava perto do local sofreu uma pane e desligou, permitindo que o operador ouvisse seus gritos de desespero.
O trabalhador foi resgatado pelos bombeiros e encaminhado ao posto de saúde da Coophavila II. "Este acidente, que por muito pouco não se converteu em tragédia, denota a urgente necessidade de se rever a extensão do acesso ao lixão, bem como deixa claro que não se pode mais aguardar para que medidas mínimas de segurança sejam implementadas", disse o procurador.
Em reunião com o MPT no dia 24 de janeiro, a prefeitura havia se comprometido a dar imediato andamento à aquisição de equipamentos de proteção individual, providenciar o acesso à água potável, permitir o acesso dos catadores ao lixo nos espaços determinados e a remover o lixo remanescente do trabalho do dia anterior. Segundo o MPT, a vistoria apontou que nenhuma dessas medidas foi cumprida.
Ainda de acordo com o MPT, também foi definida a criação de uma comissão de acompanhamento para facilitar a comunicação entre catadores, prefeitura e concessionária, e fixado o período das 6h às 19h para o trabalho enquanto perdurasse o horário de verão. Além dessas providências, foi firmado o compromisso de não permitir o acesso de menores de 18 anos e de mulheres grávidas para o trabalho de catação.