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Bolsonaro enviará comitiva para acompanhar situação de venezuelanos em Roraima

Presidente já defendeu um endurecimento nas regras para entrada de imigrantes no País

15 jan 2019 - 17h59
(atualizado às 19h51)
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BRASÍLIA - O governo federal vai enviar ministros para Roraima, na próxima quinta-feira, 17, para avaliar a situação do Estado, que enfrenta crise financeira e continua recebendo cerca de 500 venezuelanos por dia. Com apenas 15% de sua área disponível para produção e um conjunto de terras classificadas como reservas indígenas, Roraima vive em tensão permanente.

"É preciso rever a situação para o Estado não ficar inviável como está hoje", disse à reportagem o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

A força-tarefa planejada pelo presidente Jair Bolsonaro terá o objetivo de fazer um diagnóstico sobre o real quadro do Estado, que em dezembro do ano passado sofreu intervenção, decretada pelo então presidente Michel Temer, na esteira da greve de servidores da segurança pública.

À época, Bolsonaro fez críticas em relação à demarcação de terras indígenas e afirmou que acabaria com o processo em seu governo. Santos Cruz, no entanto, disse que o problema de Roraima não é apenas a demarcação de Raposa Serra do Sol.

"As reservas indígenas como um todo dão quase 50% do Estado. Além disso, há muitas reservas ambientais. Sobra para Roraima uma parcela de mais ou menos 15% de seu território para atividade produtiva", observou o ministro, negando que o governo pretenda rever o processo de Raposa Serra do Sol.

"Essa viagem de quinta-feira será para os ministros tomarem conhecimento do quadro. Assim como o Ceará precisa de atenção (por causa dos atentados sofridos nos últimos dias), Roraima também precisa", argumentou o general.

O assunto foi discutido nesta terça-feira, 15, em reunião ministerial, no Palácio do Planalto. Questionado se o governador de Roraima, Antonio Denarium - filiado ao PSL, partido de Bolsonaro - havia pedido nova intervenção no Estado, o ministro respondeu que não. "Ele está pedindo apoio para resolver o problema financeiro, de pagamento de pessoal, uma série de despesas. Hoje estão entrando lá cerca de 500 venezuelanos por dia. Como se faz com escola, saúde, medicamento, alimentação para todo esse pessoal?", questionou.

O Estado apurou que outro tema central na pauta do governo é encontrar uma solução para as obras da linha de transmissão Manaus - Boa Vista. A capital de Roraima é a única, atualmente, que não está ligada à rede nacional de energia elétrica. As obras não saem do papel por falta de autorização ambiental, já que teriam de passar no meio da terra indígena Waimiri Atroari.

A Transnorte Energia, consórcio formado pela Eletronorte e Alupar, venceu o leilão da linha em setembro de 2011. Quatro meses depois, em janeiro de 2012, foi assinada a concessão, com a promessa de colocar a linha para funcionar em janeiro de 2015. Dos 721 quilômetros da linha, porém, 121 passam dentro da reserva na qual vivem mais de 1,6 mil índios. /TÂNIA MONTEIRO, VERA ROSA, FELIPE FRAZÃO E DANIEL WETERMAN

Estadão
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