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Bastidores: Doria decidiu afastar PMs sem cálculo prévio no caso Paraisópolis

Atitude não sinaliza mudança de discurso com relação à segurança pública; foi uma resposta dada a parentes de vítimas da tragédia de Paraisópolis

10 dez 2019 - 21h04
(atualizado em 11/12/2019 às 08h16)
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SÃO PAULO - A decisão de afastar de uma só vez 25 policiais militares (31 somados aos seis que já haviam sido retirados das ruas) foi tomada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sem cálculo prévio e não sinaliza uma mudança de discurso com relação à segurança pública. Essa foi uma resposta (algo raro na relação entre governo e PM), dada na hora, a parentes de vítimas da tragédia de Paraisópolis, comunidade da zona sul paulistana, em uma reunião na segunda-feira no Palácio dos Bandeirantes.

Eles pediram afastamento de todos os envolvidos e Doria, que já não havia gostado de ter sido surpreendido por vários vídeos de violência policial gratuita, concordou de imediato. Os seis afastados, até então, PMs de moto, não haviam participado da dispersão do baile funk com bombas.

No total, foram retirados das ruas 31 policiais do 16º Batalhão da PM que participaram da ação que terminou com nove mortos. Esses agentes deverão passar a atuar exclusivamente em atividades administrativas até a conclusão das investigações.

O cálculo posterior necessário foi transmitir ao comando da PM e à tropa que os afastamentos seriam provisórios, e não uma condenação antecipada de ninguém. E se preparar para críticas de apoiadores da corporação que já se articulam na Assembleia Legislativa e no Congresso.

O senador Major Olímpio (PSL), por exemplo, já anunciou que vai ingressar com representação na Procuradoria-Geral de Justiça pedindo investigação por improbidade administrativa contra Doria, uma vez que o governador não preside o inquérito sobre o caso e não poderia determinar o afastamento prévio de agentes. Olímpio pretende destacar que a saída dos PMs deixará o bairro desassistido e nesta terça-feira, 10, em entrevista à TV Bandeirantes, já fez ataques: "(O afastamento) se trata de um capricho dele (Doria)."

A decisão de se afastar todos os PMs, entretanto, foi bem recebida pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, que acompanha as investigações do caso.

Estadão
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